O cabeleireiro Luís Fernando Correia da Silva, de 25 anos, denunciou em rede social que seu salão, localizado na Rua do Coco, bairro Mocinha Magalhães, em Rio Branco, foi alvo de uma rajada de tiros durante a madrugada desta quarta-feira (30). Segundo ele, eram por volta das 2h50 quando um veículo parou em frente ao estabelecimento e os tiros foram disparados contra as paredes. Há buracos de bala no local e cápsulas foram encontradas na rua.
Fernando havia procurado ontem (29) o Ministério Público do Acre (MP-AC) e a Corregedoria da Polícia Militar para denunciar quatro policiais militares do Batalhão de Operações Especiais (Bope). No dia anterior, eles supostamente teriam agredido o cabeleireiro após invadir seu salão, em busca de um suspeito que fugiu pelos fundos.
A abordagem foi violenta, segundo o denunciante. Os militares também teriam espancado dois clientes que esperavam ser atendidos no local. E fizeram ameaças.
Fernando evita ilações sobre a autoria dos disparos. “Não posso acusar ninguém, mas temo pela minha vida”, disse ele à reportagem do oacreagora.com.
Imagens feitas por ele mostram os buracos de bala nas paredes do estabelecimento e a sujeira resultante do estilhaçar da alvenaria. Cápsulas também foram fotografadas no lado de fora, na rua em frente. Ninguém ficou ferido.
“Isso não aconteceu nem durante a guerra de facções criminosas no bairro”, desabafou Fernando em um dos vídeos que gravou sobre o atentado.
Entenda o caso
Abordado por quatro militares dentro do seu local de trabalho, o cabeleireiro diz ter sido agredido com três tapas no rosto, ameaçado e acusado de pertencer a uma facção criminosa.
Ele afirma trabalhar há oito anos no local. Na manhã desta terça-feira (29), ele procurou o Ministério Público do Acre (MP-AC), mas foi orientado a voltar no dia 7 de janeiro de 2021, após o recesso no órgão.
Fernando também registrou um boletim de ocorrência na delegacia de Polícia Civil e denunciou o caso à Corregedoria da Polícia Militar.
Além disso, ele diz estar perdendo clientes após a ação dos militares do Bope.
“Estão com medo de vir aqui e a polícia voltar”, lamentou.
A reportagem procurou, ontem (29), a assessoria de imprensa da Polícia Militar do Acre.
Questionado sobre o caso, o Cabo Landim achou prudente não comentá-lo enquanto o depoimento da vítima não esclarecesse as circunstâncias da abordagem policial.
Landim disse, no entanto, que qualquer cidadão que porventura se sinta tolhido em seus direitos pelo trabalho da Polícia Militar, deve procurar o Ministério Público e a Corregedoria da corporação para formalizar a denúncia.