Cabeleireiro é agredido por PMs: ‘invadiram meu salão e me bateram’

O cabeleireiro Luís Fernando Correia da Silva, de 25 anos, foi agredido por policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) na tarde desta segunda-feira (28). Ele conta que trabalhava no seu salão, na Rua no Coco, no bairro Mocinha Magalhães, em Rio Branco, quando uma viatura do Bope passou devagar em frente ao estabelecimento. Um dos clientes teria aberto a porta para ver o que acontecia e saiu correndo pelos fundos.

Abordado por quatro militares dentro do seu local de trabalho, Fernando diz ter sido agredido com três tapas no rosto, ameaçado e acusado de pertencer a uma facção criminosa.

“Trabalho há oito anos no mesmo local, pago meus impostos e não devo nada à polícia”, disse ele ao oacreagora.com na manhã desta terça (29), após sair da sede do Ministério Público do Acre (MP-AC). Com o recesso no órgão, ele foi orientado a regressar no dia 7 de janeiro de 2021.

Fernando estava a caminho da delegacia de Polícia Civil para prestar queixa e pedir uma medida protetiva do estado, uma vez que foi ameaçado pelos policiais.

“Eles me disseram que se eu procurasse o Ministério Público ou a corregedoria da PM, armariam um flagrante de drogas no meu salão”, contou.

Duas pessoas que esperavam por atendimento também teriam sido agredidas. Além disso, após a ação desastrosa do Bope, os clientes têm evitado frequentar o local.

“Estão com medo de vir aqui e a polícia voltar”, lamenta o cabeleireiro.

Um dos policiais não estava fardado no momento da abordagem. Ele é acusado de espancar um dos clientes com socos e chutes.

Ação policial deverá ser alvo de investigação do MP-AC/Foto: reprodução

Chamado de faccionado, o cabeleireiro foi acusado de ‘esconder bandido’. Com os dois primeiros tapas que levou no rosto, ele diz que ficou zonzo a ponto de ter que sentar na cadeira para não cair.

Fernando então pediu à esposa que ligasse para a mãe. Os militares tomaram o celular das mãos dela e ameaçaram ‘espocar’ sua cara.  

“Eu estava tentando explicar que eu não era bandido, que sou trabalhador, que eles poderiam perguntar à população que eles iam confirmar. Foi então que um policial grandão mandou eu calar a boca e me deu outro tapa na cara”, relatou.

A situação só se acalmou quando um dos militares perguntou como era o nome do cabeleireiro, depois de ver o diploma de conclusão de curso pendurado na parede.     

Orientado a buscar reparação por meio de um processo judicial, Fernando se diz disposto a acionar o estado nos tribunais.

“Não tenho dinheiro pra pagar um advogado, mas vou atrás dos meus direitos”, disse ele.

O outro lado

A reportagem procurou a assessoria de imprensa da Polícia Militar do Acre.

Em resposta aos questionamentos do site, o Cabo Landim afirmou que seria mais prudente comentar o caso apenas quando o depoimento da vítima esclarecesse as circunstâncias da abordagem policial.

Landim disse, porém, que qualquer cidadão que porventura se sentir tolhido em seus direitos pelo trabalho da Polícia Militar, deve procurar o Ministério Público e a Corregedoria da corporação para formalizar a denúncia.

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