Wenceslau foi vítima duas vezes: após o arrastão, a ‘operação abafa’

O meu colega jornalista Rogério Wenceslau foi vítima pela segunda vez na manhã desta segunda-feira (27), quando, em decorrência de um vídeo postado em sua página na rede social Facebook, se viu alvo de uma nota da Secretaria de Justiça e Segurança Pública do Acre (Sejusp). No texto, o secretário Paulo Cézar Santos ‘desmente’ o arrastão ocorrido no domingo (26), na Estrada do Amapá – a primeira circunstância que vitimou Wenceslau.

A nota da Sejusp tenta desqualificar, de todas as formas possíveis, a denúncia pública formulada pelo jornalista – ora afirmando não haver outro registro policial além do lavrado a seu pedido, ora insinuando que ele o tenha feito por motivação política.

Aos olhos do secretário Paulo Cézar, o ingresso na política partidária faz com que Wenceslau forje denúncias e, por isso, mereça saber que será investigado pela Polícia Civil. É o caso clássico do poste a mijar no cachorro…

Ocorre que assim que o assunto foi noticiado pelos sites da cozinha do governador, nas redes sociais pipocaram as manifestações de indignação por parte dos internautas. Uma delas me chamou a atenção, e por isso faço questão de reproduzir o print aí abaixo (afinal, como dizem os chineses, uma imagem vale por mil palavras).

Ora, se há pelo menos outra pessoa que fez o registro do arrastão, há de se perguntar se o secretário de Segurança Pública não tem conhecimento do fato – ou se haverá de argumentar que a Sra. Jamily Costa também vem a ser pré-candidata…

O certo é que a nota da Sejusp tem um viés político, ao citar, no seu item 2, que Wenceslau é pré-candidato a prefeito da capital. O detalhe visa, claramente, desacreditar o denunciante, em uma infame tentativa de transformar um caso policial em uma questão partidária – como já havia feito a Sejusp contra o senador Sérgio Petecão.

Outra coisa interessante é que o contraponto à denúncia do jornalista se baseia, também, no depoimento da proprietária do restaurante em frente ao qual o arrastão teria ocorrido. Ela negou o que Wenceslau havia afirmado. E o fez de público sob a alegada razão de que está sofrendo prejuízos ante a repercussão dos fatos.

Mas se para o Sr. Paulo Cézar a motivação de Wenceslau merece ser questionada por sua – digamos – ‘natureza política’, por que afinal de contas o depoimento da proprietária do restaurante merece crédito, ainda que decorra de prejuízos financeiros?

Por último, há que se questionar não apenas a versão oficial sobre o episódio narrado por Wenceslau e sustentado por terceiros, como, principalmente, a capacidade da Sejusp em combater o crime. Fosse tão ágil para debelar a criminalidade como tem sido para publicar réplicas, esse caso já estaria solucionado.

Explicação necessáriaEsta coluna inaugural carece, de minha parte, de escusas ao leitor pela ‘apropriação indébita’ ao nome de outra, escrita pelo inigualável Nelson Rodrigues. A vida como ela ela é… foi publicada no jornal Última Hora, entre as décadas de 40 e 60 do século passado. O plágio, no entanto, se restringirá ao título, uma vez que ao discípulo é necessário o mínimo de talento na tentativa de se igualar ao mestre. 

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