Diretores do Sindicato dos Médicos do Acre (Sindmed-AC) alertaram para a possibilidade de o estado possuir uma quantidade limitada de medicamentos essenciais que devem ser administrados em pacientes na fase 1 do coronavírus (Covid-19). A preocupação foi externada durante reunião online realizada na noite de quinta-feira (18), em que se esperava a participação dos gestores da Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre) que vêm negando dados atualizados sobre o abastecimento das farmácias nas unidades de saúde.
O alerta para a quantidade limitada de remédios veio dos próprios filiados espalhados por todos os hospitais do estado, que apontam o temor de uma série de mortes caso não haja o abastecimento de todas as farmácias das unidades.
Os representantes do Sindicato afirmaram que em Rio Branco e no interior faltam medicamentos essenciais do protocolo de tratamento da Covid-19, como azitromicina, ivermectina e cloroquina, consequentemente será necessária a utilização de mais leitos de enfermarias e em Unidades de Tratamento Intensivo (UTI).
“Se tivermos os medicamentos da fase inicial então conseguiremos tratar estes pacientes e evitar que avance. Um bom exemplo do tratamento adequado na fase inicial é o Belém do Pará, que tratou muita gente na fase inicial e conseguiu reverter o colapso que passaram”, afirmou o presidente do Sindicato dos Médicos, Murilo Batista.
As informações debatidas na reunião foram confirmadas por reuniões com filiados e uma visita que os diretores realizaram na tarde de quinta-feira ao Instituto de Traumatologia e Ortopedia (Into), apontado pelo governo como referência ao enfrentamento ao coronavírus.
Na visita, os representantes do Sindmed-AC detectaram que o Into já atingiu a capacidade para internação, com isso pacientes serão transferidos para o hospital de campanha que foi inaugurado na segunda-feira (15), em clara demonstração da falta de atenção para o tratamento das fases iniciais da doença.
Os diretores do sindicato também confirmaram que a farmácia da prefeitura de Rio Branco instalada no Into não dispõe de medicamentos usados em protocolos, como azitromicina, ivermectina e cloroquina, dificultando o atendimento dos pacientes da área ambulatorial. Os sindicalistas tentaram organizar com urgência uma reunião com a Secretaria Municipal de Saúde, mas a gestão não respondeu ao pedido.
Para a primeira-secretária do Sindmed-AC, Jacqueline Fecury, o fato de existir transferências para o hospital de campanha mostra que a doença ainda está avançando no Acre e que é necessário que aconteça o atendimento dos pacientes da chamada fase 1, recebendo o tratamento para evitar internações.
“O que vemos é que o Into, recém-inaugurado, já está lotado sendo necessário transferências para o hospital de campanha”, afirmou Jacqueline.
O vice-presidente do Sindmed-AC, Guilherme Pulici, reafirmou que o médico sofre ao ver pacientes agonizando com a falta de medicamentos básicos. “Esperamos medicação seja encaminhada até a unidade”, afirmou.
A diretora do Into, Lorena Seguel, afirmou que a aquisição e reposição de medicamentos para os pacientes internados é responsabilidade da empresa Medial e que os remédios para os pacientes ambulatoriais, da chamada fase 1, é responsabilidade da prefeitura.
Os membros do Sindmed-AC afirmaram que uma denúncia será encaminhada ao Ministério Público Estadual (MPE) para verificar qual a destinação dos recursos e dos medicamentos encaminhados pelo Ministério da Saúde para a gestão estadual.