‘Sim, eu sei, a violência é fascinante’, diz Amaro Alves em sua 1ª coluna

Você certamente já se perguntou o que leva alguém a matar. E por isso sabe que a resposta não é tão óbvia. Mata-se por qualquer motivo, ainda que os principais continuem sendo paixão, vingança e dinheiro.

Mais de 80% das mortes, porém, são ocasionadas por motivos fúteis. E elas não são poucas no Brasil: em 2019, registramos 41.635 assassinatos, 19% menos que em 2020. Mas esses números sempre tendem a aumentar.

Não creio que a pobreza seja uma condicionante para os crimes. Caso contrário, a Bolívia e o Haiti – sem mencionar os países do Continente Africano – seriam bem mais violentos que o Brasil. Ocorre, porém, que parte dos jovens pobres do nosso país têm vislumbrado nas drogas uma saída para seus dramas pessoais – seja como usuários, seja como traficantes. E, sim, as drogas geram violência.    

Durante décadas, minha profissão esteve relacionada a cenas sangrentas, onde a morte insistiu em deixar pegadas sobre o sangue das vítimas. Vi de tudo, pode acreditar: de maridos que assassinaram as esposas porque estas deram bom dia ao vizinho, a filhos que disseram ter cansado da censura e da supervisão dos pais. Há também os pais que se cansaram do choro dos seus bebês…

As razões dos assassinos, óbvio – salvo raríssimas exceções, como a legítima defesa – serão sempre inaceitáveis ante a brutalidade dos seus atos.   

Matar não deve ser algo prazeroso, a não ser que o autor do homicídio tenha uma mente tão desvirtuada quanto a dos matadores em série – ou serial killers, caso o leitor tenha predileção pelos estrangeirismos.  

Longe de ser um especialista no assunto, suspeito já ter dado de cara com alguns deles. Seus olhos são sempre muito frios, e o semblante nunca se altera frente à atrocidade – ou atrocidades – que cometeram.

Se os crimes de ocasião já são capazes de mobilizar milhares de pessoas, sempre atentas ao noticiário sangrento, o que diremos daqueles que assombram o mundo inteiro com seus detalhes sórdidos e chocantes?

Os serial killers – cujas histórias passaremos a contar nas próximas colunas – talvez sejam tão fascinantes por sedimentar em nós a certeza de que, por piores que possamos ser, jamais faríamos como eles. Ou talvez porque – simples assim – a violência a que assistimos pela TV seja capaz de falar por nós tudo aquilo que nunca teremos coragem de admitir.

Registro ainda ter recebido com muita honra o convite para escrever esta coluna para o site oacreagora.com.

Até a próxima.

*Amaro Alves é jornalista aposentado, e atualmente vive no estado do Pará

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