Goste-se ou não dele, e do conteúdo que ele apresenta e também simboliza, é preciso ser justo: Sikêra Jr. já pode ser considerado o maior fenômeno da TV – aberta ou por assinatura – dos últimos 20 anos.
O apresentador do “Alerta Nacional” tem registrado números no ibope e uma mudança de comportamento do telespectador brasileiro que não se via desde a segunda metade dos anos 90, com a eclosão de Ratinho na Record e logo depois no SBT.
Mas vamos aos números do Sikêra.
Fazendo a comparação dos três meses antes de sua estreia na RedeTV com os três meses posteriores, Sikêra e o “Alerta Nacional” fizeram com que a emissora de Amilcare Dallevo e Marcelo de Carvalho saísse do traço de audiência e triplicasse seu ibope.
No Painel Nacional de Televisão (PNT), de 0,4 ponto registrado no período pré-Sikêra, a RedeTV passou para 1,5 ponto no pós.
Cada ponto nessa medição vale por cerca de 250 mil domicílios.
O apresentador histriônico arrancou a emissora de Osasco do traço na média nacional e ao mesmo tempo em oito das 15 maiores regiões metropolitanas que a Kantar Ibope mede a audiência: São Paulo, Rio, Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife (PE), Fortaleza (CE), DF e Vitória (ES).
Em São Paulo, principal mercado da publicidade nacional, a RedeTV passou de um mísero 0,5 ponto pré-Sikêra para já respeitáveis 2,1 pontos com ele.
No Recife, o resultado mais acachapante: de 0,2 a emissora passou a dar 2,9 pontos. No Distrito Federal, de 0,4 para 2,3.
Sikêra doente, ibope baixo
O “fenômeno” pode ser ainda observado pelos números que o “Alerta Nacional” registrou quando o apresentador contraiu Covid-19 e ficou afastado da tela.
No dia 23 de abril, uma quinta-feira, o programa policialesco rendeu impressionantes (para o padrão RedeTV) 2,7 pontos de ibope na Grande São Paulo.
No dia seguinte, Sikêra não apresentou o programa por estar já com sintomas da doença.
Nesse dia o ibope já despencou para 1,7 ponto. Os substitutos do âncora só conseguiriam superar 2 pontos de ibope uma única vez até sua volta, no dia 25 de maio.
Nesse dia 25 o ibope disparou e foi a 2,4 pontos. No dia seguinte, subiu para 3,2 pontos.
Todos os números acima foram mensurados pela Kantar Ibope Media, mas obtidos pela coluna por outros meios que não a própria Kantar.
Isso porque a empresa contratualmente não pode divulgar dados dessa forma.
O homem, o mito
José Siqueira Barros Júnior tem 52 anos e nasceu em Palmares, no Pernambuco.
Ele apresenta o “Alerta Nacional” em Manaus, na TV A Crítica. A RedeTV fez um acordo com a emissora manauara para retransmitir parte do programa todos os dias.
Ele começou a carreira como radialista. É casado e tem quatro filhos.
Apoiador de Bolsonaro e da direita, foi um dos grandes defensores da abertura do comércio em Manaus em pleno auge da pandemia.
Isso quando a capital do Amazonas era a cidade com maior número proporcional de infectados e mortes.
Depois que contraiu Covid-19, chegou a postar um vídeo, humilde, abatido, dizendo que se enganou e subestimou a doença.
Logo depois já postou outro atacando a “esquerda” e enaltecendo a cloroquina. Enfim, Sikêra sendo Sikêra.
Veja vídeo do apresentador com música ‘dedicada’ aos maconheiros: