Por que, afinal, Minoru se irrita quando o assunto são os banheiros da Ufac?

O candidato do PSDB à prefeitura de Rio Branco, Minoru Kinpara, perdeu a serenidade nos três últimos debates. O sorriso com o qual ele costumava se apresentar ao público se desfez tão logo lhe foi perguntado, na última sexta-feira (6), durante evento promovido pela OAB/AC, sobre o uso dos banheiros da Ufac.

Desde então – e cada vez mais espezinhado pelo adversário do MDB Roberto Duarte Jr. –, Minoru foi perdendo o ar piedoso e a aura de devoção.    

Neste sábado (7), já pela manhã, ele chegou ao debate da Rádio Cidade soltando fagulhas. Questionou, logo de cara, o fato de os adversários se preocuparem com os banheiros da Universidade Federal do Acre quando há tantos problemas na capital.

A réplica foi feita antes mesmo de o confronto começar. Coube a Jamyl Asfury (PSC), logo em seguida, afirmar que quem não tem posições firmes está sujeito a dissabores.

À noite, na TV Gazeta, o agastamento de Minoru se repetiu, tendo ele outra vez cedido às provocações de Duarte Jr. sobre o mesmo tema.

Minoru, como se viu, prefere desdenhar o assunto a debatê-lo. Inclina-se a reclamar dos ataques quando poderia assumir que assinou uma resolução que permitiu, na Ufac, que homens usem o banheiro das mulheres – e estas o daqueles – com base na simples declaração de sua própria orientação sexual. E acusa os adversários de se aterem a questões menores frente aos dramas vividos pela população rio-branquense.

Mas a questão não é tão simples como ele tenta fazer parecer. Em 2016, ainda ligado ao PT, Minoru sonhava disputar uma eleição majoritária pelo partido. Sua posição, à época, permitia que agradasse ao público universitário, em sua maioria constituído de militantes e simpatizantes de esquerda.

Minoru Kinpara não só queria satisfazer os estudantes, como evitava contrariá-los. E a prova maior foi que no ano de 2015, frente a um fato ainda mais polêmico, que foi a incineração de um exemplar da Bíblia durante sarau na Ufac, o então reitor declarou que havia suspendido as atividades culturais por danos ao patrimônio.

Em nota (leia aqui), a reitoria informou: “Constataram-se acontecimentos desagradáveis, principalmente referentes à depredação patrimonial. Nesse sentido, a Administração Superior informa que a realização de saraus ou atividades correlatas está suspensa até o momento em que sejam institucionalizados mecanismos necessários ao bom funcionamento de tais eventos.”

Não houve uma linha sequer de indignação contra a ‘performance’ do aluno que incendiou a Bíblia com um isqueiro. Convinha, pois, que Minoru desse fim ao evento que ganhou repercussão nacional mediante um recado aos alunos, como se dissesse: “Olha, meninos, nós vamos acabar com a farra de vocês, mas não pela queima da Bíblia, mas porque vocês estão estragando os banheiros e as carteiras”.  

Feita a transição para o PSDB, antes de uma rápida passagem pela Rede de Marina Silva, Minoru sabe ter sido ideologicamente deserdado pela massa universitária. Resta-lhe, agora, apresentar-se como ‘cristão’ e ‘temente a Deus’, conforme afirmou nos últimos debates.

O plano, portanto, é atrair o eleitorado mais conservador, identificado com os partidos políticos de centro-direita – que em sua esmagadora maioria não quer saber dos filhos e filhas misturados nos banheiros da Ufac. Mesmo que essa seja a ‘lei’ regulamentada por lá.

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