Como será voltar às aulas pós-pandemia? A educação no estado do Acre sempre lutou e luta com grande dificuldade. As cizânias em meio às “salas de aulas” envolvendo estudantes, professores, coordenadores, diretores, técnicos e secretários fazem com que a educação permaneça na mesma situação, dezenas e dezenas de anos. Uma “educação de massa”, como disse Michel de Certeau, porém, sem a devida “produção cultural”. “Temos aqui, portanto, a ingerência de uma norma sociopolítica contrária ao rigor da descrição científica”. A situação educacional de nosso estado parece que caminhará para um cenário de maior degradação.
Durante os anos passados foram inventados inúmeros mecanismos para o melhoramento educacional, tais como: gratuidade de netbooks para os estudantes, implantação do sexto tempo, entrega de tablets aos professores, as escolas em tempo integral, modificação na carga-horária das disciplinas, entre outros. Todas essas parafernálias de conjuntura técnica e metodológica, durante esses anos, mais justificou a massificação e o recrutamento escolar do que efetivou um ensino objetivo com qualidades de alfabetização e letramento – a concretização da leitura, da escrita e do cálculo básico. Ou seja, a educação acriana não diferenciando do resto do país recria uma massificação desprovida de “significado qualitativo”, de sentido de Ser, de ser acriano.
Seguindo o curso da história recente, os professores e o estudantes serão os sujeitos que diretamente enfrentarão as problemáticas educacionais no pós-crise. Os primeiros terão um amontoado de aulas para “organizar” e “recuperar”, além da famigerada cobrança, das coordenações e direções, acerca dos conteúdos e da disciplinarização dos alunos em sala. Os segundos enfrentarão as exacerbadas quantidades de atividades das diversas disciplinas, os conteúdos em detrimento do tempo poderão ser tratados numa perspectiva de superficialidade, ocorrendo com isso uma avaliação de péssima qualidade que, consequentemente, implicará no aprendizado, na assimilação dos conteúdos por parte dos estudantes.
Por fim,não estamos descrevendo previsões, profecias, ou torcendo para o pior educacional, longe disso. Apenas demostramos historicamente – de forma breve – alguns acontecimentos incongruentes que envolveram as principais peças do mecanismo ensino-aprendizagem e cujo resultado sempre foi lastimável. Tendo em vista todo esse histórico problemático de ações e decisões das autoridades competentes no campo educativo, tememos que o panorama contemporâneo de nossa educação-acriana decline ainda mais, por conseguinte, o que almejamos é poder chamar a atenção para a construção e a formação da juventude no Acre, pois – sabemos que a dedicação ao estudo de hoje será a colheita e a recompensa de amanhã –, são esses jovem os próximos indivíduos a cuidar e gerir este estado.