O que é isso, companheiro?

Bastidores de debates em período eleitoral tendem a atrair a atenção apenas quando os participantes acabam por dizer aquilo que as regras não permitiram. Foi o caso da prefeita de Rio Branco e candidata à reeleição, Socorro Neri (PSB), durante o evento promovido nesta quarta-feira (28) pelo Sindicato dos Servidores do Poder Judiciário do Acre (Sinspjac). Acusada, no finalzinho, de ser favorável à privatização do Depasa, ela foi tirar satisfação com o autor da afirmação, o petista Daniel Zen.

Feito o registro em imagens, circularam nas redes sociais e grupos do aplicativo WhatsApp duas versões em vídeo. A primeira, em câmera lenta, tendo ao fundo a Marcha Imperial (trilha sonora do filme Guerra nas Estrelas), mostrava Socorro Neri irritada, caminhado em direção a Daniel Zen a passos firmes. O áudio original fora removido, e com isso os seus gestos se avolumaram em dramaticidade.

Foi esse o vídeo que recebi, com a observação de que a prefeita havia se exaltado e fora tirar satisfação, dedo em riste na cara de Zen. Daria uma boa matéria, acrescentou minha fonte. Ocorre, porém, que em política as versões tendem a contrariar os fatos. E eu não nasci ontem, francamente!

Minutos depois, eis que me chega o vídeo original, sem música de fundo, sem atraso na linha do tempo e com a íntegra do diálogo entre os dois.

Foi então que pude ouvir Socorro Neri dizer ao adversário que a privatização do Depasa era uma proposta do PT. “Eu que não concordei. Se eu fosse desestatizar, já teria feito. Isso é mentira”, frisou ela.    

De imediato me identifiquei com a coragem da prefeita. Afinal foram muitos os anos em que ousei afrontar essa gente, enquanto a maioria dos colegas se encarregava – como ainda se encarrega – de louvaminhar os ocupantes do Palácio Rio Branco.

Daniel Zen, como todos os demais candidatos, tem o direito de dizer o que lhe der na telha – como temos, nós jornalistas, a obrigação de apurar se o que eles dizem corresponde à verdade.

Sabemos que o PT foi rejeitado na aliança eleitoral capitaneada por Socorro Neri. E que foi varrido da gestão municipal durante a reforma que cortou o cabideiro no qual a turma da boquinha havia se pendurado 14 anos atrás. Isso deve doer.

Mas o que intriga mesmo é o fato de os companheiros se dedicarem a atacar a atual prefeita em benefício do ‘ex-petista’ Minoru Kinpara e do seu padrinho no PSDB, Wherles Rocha.

Acolhidos na gestão de Gladson Cameli, talvez eles enxerguem em Kinpara uma chance real de retornar à prefeitura.

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