O início do fim – Por Saul Galdino

Você já deve ter ouvido muitas vezes que “tudo tem um início e um fim”. A frase é batida, quase um clichê, mas nem por isso menos verdadeira. O que quase ninguém fala é o quanto dói perceber quando o fim começa — especialmente quando se está no auge.

É difícil admitir que o apogeu passou, que os dias de glória estão, aos poucos, ficando para trás. Nos negócios, por exemplo, esse declínio raramente chega como uma tempestade — ele vem como uma garoa fina, sutil e insistente. Os clientes fiéis começam a desaparecer em silêncio, os lucros que antes subiam com orgulho agora oscilam, caem. O telefone toca menos. As metas, antes superadas com folga, agora viram muralhas.

O mais curioso é que o começo do fim costuma se disfarçar de rotina. Tudo parece ainda igual — as paredes, as conversas, os horários — mas algo mudou. O brilho dos olhos se apaga devagar, o entusiasmo dá lugar ao cansaço e os aplausos vão cessando sem aviso.

É nessa hora que o orgulho se torna inimigo. Insistimos, remamos contra a corrente, como se a força de vontade fosse suficiente para deter o tempo. Mas o tempo, esse velho senhor implacável, não negocia com ninguém.

O início do fim é também um convite à reflexão. Talvez seja o momento de reinventar-se, de aceitar que ciclos acabam para que outros comecem. É na dor da queda que se escondem as sementes da próxima ascensão.

A verdade é que todo fim carrega em si uma nova possibilidade. Saber encerrar um ciclo com dignidade é tão importante quanto saber aproveitá-lo em sua plenitude. Porque, no fundo, o fim nunca é só um fim — é também o esboço de um novo começo.

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