Nascido em 26 de abril de 1949, em Kobe, no Japão, Issei Sagawa ficou conhecido como ‘O Canibal de Kobe’ após o assassinato da jovem holandesa Renée Hartevelt, em Paris. O ano era 1981.
Sagawa a matou e depois mutilou, canibalizando o cadáver e fazendo sexo com ele durante vários dias. Ele foi preso, mas liberado após dois anos ao ser considerado legalmente insano. Em seguida foi deportado para o Japão.
Filho de pais ricos, Sagawa tinha saúde frágil e personalidade introvertida. Ele conta ter experimentado os desejos canibais pela primeira vez ainda no ensino fundamental, ao ver a coxa de uma colega.
Aos 24 anos, enquanto estudava em uma Universidade de Tóquio, ele seguiu uma estudante alemã até sua casa, invadindo o apartamento enquanto ela dormia. Sua intenção era canibalizá-la, cortando parte de suas nádegas, mas a vítima acordou e o empurrou para o chão.
Capturado pela polícia e acusado de tentativa de estupro, Sagawa não confessou suas verdadeiras intenções às autoridades. As acusações contra ele foram retiradas quando o pai pagou uma indenização à vítima.
Em 1977, aos 27 anos, Sagawa mudou-se para a França para fazer doutorado. Quatro anos depois convidou uma colega de classe para jantar em seu apartamento. Ele planejava matá-la e comê-la, tendo-a selecionado por sua saúde e beleza – características que ele sentia não possuir.
A vítima levou um tiro na nuca, morrendo na hora. Sagawa então fez sexo com o cadáver, mas não conseguiu morder sua pele porque seus dentes não eram afiados o bastante. Ele então saiu do apartamento e comprou uma faca de açougueiro.
Durante dias, Sagawa consumiu várias partes do corpo de Renée, sobretudo os seios e o rosto, enquanto guardava outras partes na geladeira.
Ele então tentou se livrar dos restos mortais em um lago, dentro de duas malas, mas foi flagrado e preso pela polícia.
O pai de Sagawa providenciou um advogado para sua defesa e, depois de ser detido por dois anos aguardando julgamento, ele foi considerado legalmente insano e condenado ao hospício.
A publicidade de Sagawa e a celebridade macabra certamente contribuíram para a decisão das autoridades francesas de deportá-lo para o Japão, onde foi imediatamente internado no Hospital Matsuzawa, em Tóquio.
Os psicólogos que o examinaram concluíram que a perversão sexual era sua única motivação para o crime. Com as acusações contra Sagawa retiradas na França, os documentos do tribunal foram arquivados e sua liberação negada às autoridades japonesas. Ele então não pôde ser legalmente detido no Japão.
Sagawa saiu do hospital em 12 de agosto de 1986 e, desde então, permaneceu livre.
Entre 1986 e 1997, ele foi convidado a dar palestras, publicou livros sobre o assassinato que cometeu e até participou de um filme. Também escreveu resenhas de restaurantes para a revista japonesa Spa. Ele deixava então de ser o Canibal de Kobe para se tornar o Canibal Superstar.
Tempos depois, ele não conseguia mais encontrar editores para seus textos e tinha dificuldade de achar emprego. Em uma entrevista à revista Vice em 2011, Sagawa declarou o seguinte: “Ser forçado a ganhar a vida sendo conhecido como assassino e canibal é uma punição terrível”.
Em 2013, ele foi hospitalizado devido a um acidente vascular cerebral, e desde que recebeu alta médica está aos cuidados do irmão.
*Amaro Alves foi repórter de polícia até se aposentar, em 2009; vive atualmente em Belém (PA), de onde escreve com exclusividade para oacreagora.com
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