Marina Silva declarou recentemente que não pretende mais disputar a Presidência da República. Embora sua decisão tenha um peso simbólico, o real impacto de sua trajetória política está em sua atuação como ministra do Meio Ambiente e na forma como sua agenda ambiental tem freado o desenvolvimento do Brasil, enquanto favorece potências estrangeiras.
Defensora fervorosa da preservação ambiental, Marina se consolidou como uma figura admirada em organismos internacionais, sempre destacando o Brasil como um exemplo a ser seguido na proteção da Amazônia. No entanto, o custo dessa visão recai quase exclusivamente sobre os ombros da economia brasileira. Enquanto países desenvolvidos como os Estados Unidos, Alemanha e China avançam em suas cadeias produtivas, o Brasil continua preso a um modelo que restringe a exploração racional de seus recursos, dificultando seu crescimento industrial.
A hipocrisia dos países desenvolvidos
Os mesmos países que aplaudem Marina Silva e sua política de proteção ambiental são os que mais devastaram seus territórios para alcançar o estágio de desenvolvimento atual. Os Estados Unidos desmataram extensas áreas para expandir sua agricultura e urbanização; a Alemanha usou carvão como base de sua revolução industrial, gerando impactos ambientais irreversíveis. Agora, esses países impõem normas rígidas a países em desenvolvimento, exigindo que o Brasil preserve sua floresta, enquanto continuam explorando seus próprios recursos naturais e comprando commodities brasileiras a preços baixos.
O resultado? O Brasil se mantém como um grande exportador de matéria-prima, sem conseguir avançar sua indústria. Enquanto isso, nações desenvolvidas aumentam sua participação em cadeias de valor sofisticadas, lucrando com produtos acabados e tecnologias que o Brasil poderia produzir se tivesse uma política ambiental menos restritiva e mais pragmática.
O problema não está em defender o meio ambiente. O Brasil pode e deve adotar práticas sustentáveis. Mas o que Marina Silva tem promovido não é um equilíbrio entre conservação e crescimento, e sim uma estagnação forçada que limita setores estratégicos como o agronegócio, mineração e infraestrutura.
Recentemente, a resistência do Ministério do Meio Ambiente a projetos essenciais, como a exploração de petróleo na Margem Equatorial e a pavimentação de rodovias na Amazônia, tem gerado prejuízos econômicos e mantido milhões de brasileiros reféns da falta de desenvolvimento. Enquanto a China avança em megaprojetos de energia e infraestrutura, o Brasil trava discussões infindáveis sobre licenciamento ambiental, prejudicando sua competitividade global.
Além disso, a excessiva burocracia ambiental tem afastado investimentos internacionais de setores que poderiam gerar emprego e renda para o país. O discurso de Marina agrada aos ambientalistas europeus, mas ignora a necessidade de crescimento econômico que garantiria melhores condições de vida para a população brasileira.
A saída de Marina Silva das eleições presidenciais não significa o fim da influência de sua visão sobre o país. Enquanto sua agenda continuar pautando decisões estratégicas do governo, o Brasil permanecerá submisso a interesses externos, impedindo-se de explorar de forma equilibrada suas próprias riquezas.
É necessário um novo olhar sobre a política ambiental, que concilie proteção com desenvolvimento, sem transformar o Brasil em uma eterna reserva florestal a serviço das nações ricas. O país precisa de crescimento, infraestrutura e autonomia econômica — e não de mais restrições que apenas servem para garantir aplausos de fora e atraso interno.
*Amaral Monteiro é acreano e professor de Filosofia