Em discurso na tribuna do Senado Federal, o senador Márcio Bittar (União Brasil-AC) fez duras críticas e ironizou as investigações da Polícia Federal que apuram a suposta participação do ex-presidente Jair Bolsonaro em uma tentativa de golpe de Estado. A fala do senador ocorreu em meio à repercussão das recentes revelações envolvendo áudios e depoimentos que apontam possíveis articulações para desestabilizar o governo.
Bittar iniciou sua fala questionando o que chamou de “perseguição” ao ex-presidente. “Essa perseguição não tem limite. O presidente Bolsonaro já foi acusado de importunar a baleia em tentativa de golpe, com senhoras de Bíblia na mão, com estilingue. Senhor presidente, batom e estilingue são as armas que encontraram no dia 8 de janeiro”.
Com tom irônico, o senador descreveu as acusações como absurdas e fez referência aos episódios que marcaram a invasão aos prédios dos Três Poderes, em Brasília, no dia 8 de janeiro deste ano. “Agora, é o golpe. É golpe quinta série com homens de preto. Cinco pessoas. É o golpe frustrado pela ausência de táxi”, declarou, arrancando risos de alguns colegas no plenário.
Bittar também comentou trechos das gravações divulgadas que, segundo a Polícia Federal, mostram conversas entre aliados de Bolsonaro sugerindo a troca de ministros como parte de um suposto plano de ruptura institucional. No entanto, segundo o senador, o áudio mostra o contrário. “Dentre as gravações soltas — escolhidas para serem soltas —, aparece uma em que um deles diz que sugeriram ao presidente trocar o ministro. E ele respondeu: ‘Não, não farei isso, porque vão dizer que eu estou fazendo isso para dar um golpe’.
O senador aproveitou para criticar o que chamou de “narrativa do golpe dentro do golpe”, sugerindo que as investigações visam, de maneira forçada, incriminar Bolsonaro a qualquer custo. “Quer dizer, a própria narrativa do golpe dentro do golpe. Que, inclusive, sugeria tirar o próprio presidente Bolsonaro”.
Ao encerrar seu discurso, Bittar expressou perplexidade com a postura de alguns políticos e autoridades que, segundo ele, alimentam a narrativa de golpe. “É essa a narrativa que eu comento, senhor presidente, que às vezes me faz questionar: em que planeta estou? Porque eu não consigo acreditar que homens e mulheres com 40, 50, 60 anos de uma carreira política realmente tenham fé naquilo que professam”.