No ano de 2023, o volume de transações Pix de um centavo no Brasil atingiu a marca de 35,3 milhões, representando um aumento de 31% em relação a 2022, quando foram registradas 24,6 milhões de operações. Esses dados foram divulgados pelo Banco Central (BC). Uma possível explicação para esse crescimento é o aumento da adesão a esse valor mínimo como meio de comunicação instantânea.

Um exemplo desse fenômeno é o caso de Karolayne Costa, de 25 anos, que, em entrevista à Folha de São Paulo, relatou ter realizado transações Pix de R$ 0,01, além de outros valores menores, na tentativa de se comunicar com seu ex-namorado, que a havia bloqueado nas redes sociais. Ela descreve seus Pix de R$ 0,01 como narrativas de relacionamentos frustrados, marcados por bloqueios em diversas plataformas. Embora eficaz como meio de comunicação, às vezes não alcança o resultado desejado, como no caso de seu ex-namorado. No entanto, houve uma situação inversa, onde Karolayne bloqueou outro rapaz em todas as mídias, e ele a contatou por meio de um Pix, solicitando que ela o desbloqueasse. Ela respondeu ao Pix com uma mensagem e devolveu o mesmo valor.

Apesar da popularidade desse método entre muitas pessoas, José Mauro Nunes, professor da FGV Ebape, alertou em uma conversa com a Folha sobre os riscos associados ao Pix de um centavo, incluindo assédio, importunação e violações de medidas protetivas.

Um caso exemplar mencionado pelo especialista ocorreu em 2022, resultando na prisão de um soldado da Aeronáutica. Segundo a Polícia Civil de Goiás, o indivíduo realizou transações financeiras de centavos para a conta de sua ex-namorada por meio de Pix, inserindo mensagens ofensivas e ameaçadoras no campo de texto da transação.

Nunes destaca a importância de o Banco Central adotar medidas regulatórias para prevenir o uso inadequado desse tipo de transferência, como estabelecer limites mínimos de pagamento e restringir os remetentes.

Fonte: Terra