Ruim de mira
O episódio político mais marcante desta semana foi forjado nesta quarta-feira (16) pelo sempre eloquente governador do Acre, Gladson Cameli. Ao ‘desmentir’ o pré-candidato do seu partido à prefeitura de Rio Branco, Tião Bocalom, sobre o apoio que não lhe teria afiançado durante café da manhã em Brasília, Gladson tratou de denegrir também a imagem da anfitriã, a senadora e presidente do seu partido, Mailza Gomes.
Dois contra 1
Assim como Bocalom, que foi às redes sociais dizer da promessa de apoio do governador à sua campanha, a assessoria de imprensa da senadora também divulgou o teor do encontro. Segundo texto enviado aos jornais – inclusive este –, Gladson havia, sim, prometido apoiar Bocalom.
Aliados malvados
Pois bem, no final da tarde de ontem o governador resolveu lançar mão de um site que lhe presta relevantes serviços para passar um recado diverso daquele captado pelos aliados durante o café matinal: ele alegou ter havido insistência para que se sentasse à mesa com Bocalom, já com a finalidade posterior de lhe criarem ‘constrangimentos’.
Parênteses necessários
Uma questão intrigante é que Cameli cuida de tratar aliados como adversários e adversários como se fossem aliados.
Espadachim verbal
Sabe-se, porém – e de longuíssima data –, que Sua Excelência fala demais. Que sua língua é bem mais rápida que o cérebro. Exemplos há aos montes. Basta ter o cuidado de cotejar o que ele disse com o que aconteceu posteriormente. O leitor quer um exemplo? Ei-lo: dias atrás, Gladson afirmou que compraria lotes de vacinas contra a Covid-19 para imunizar os acreanos. Se existisse a tal vacina, vá lá…
Quem mente, afinal de contas?
A questão fundamental é que preocupa quando tantos integrantes do governo e membros do Progressistas – e de modo tão despudorado, conforme se pode concluir pela citada matéria – estejam mentindo em seu derredor, enquanto só o governador diz a verdade.
Questão de ordem
Gladson pode apoiar quem lhe der na telha, a despeito das incongruências da decisão ou de suas estratégias políticas. As consequências desse apoio é que devem ser avaliadas com cuidado, já que a recente pesquisa de intenção de voto do PSL mostra que sua presença no palanque pode mais prejudicar que turbinar o candidato apoiado por ele.
Questão de ordem II
O que não se pode tolerar é um governante a dizer uma coisa pela manhã e, à tarde, outra bem diferente. Ou que haja em seu entorno pessoas capazes de distorcer suas palavras em benefício dos próprios interesses.

Língua solta
Insisto que muitos dos dissabores de Gladson lhe são causados pelo excesso de agilidade da própria língua.
Lição da História
Assim, a coluna transmite ao governador uma lição legada por Luís XIV (autor da célebre frase “O estado sou eu”), que era respeitado e temido sobretudo por seus silêncios. O rei francês sabia, por exemplo, que os poderosos impressionam e intimidam falando pouco. E que quanto mais falamos, maior a probabilidade de dizermos bobagens.