A notícia publicada por um site local, segundo a qual o governador Gladson Cameli se dispõe a comprar ‘lotes de vacina para imunizar acreanos contra a Covid-19’ é, no mínimo, risível. A tal vacina nem sequer existe, e o mais próximo dela é o que a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) planeja colocar em circulação em dezembro.
Mas, detalhe: a distribuição só vai acontecer se os testes finais se mostrarem efetivos para evitar a propagação da doença. Até lá o caminho é longo, sinuoso e imprevisível.
Por ora, ainda que Cameli fosse a Rainha da Inglaterra, ele não poderia comprar uma ampola sequer de um medicamento inexistente.
Ocorre que ao atual governo falta uma agenda positiva – então tome-lhe, ainda, o burlesco anúncio de recriação de um tal programa ‘Bucho Cheio’.

Neste último caso, vá lá. Os buchos estão mesmo vazios. Mas quanto ao primeiro, é de se deplorar que um chefe de estado se encarregue, ele próprio, de espalhar tamanha aleivosia.
Gladson não deveria especular sobre a esperança de milhares de pessoas. Não após ter feito isso na eleição, quando prometeu, por exemplo, cortar cargos em comissão da máquina estatal e extinguir a aposentadoria dos seus antecessores – para citarmos apenas duas de suas promessas que foram pelo ralo.
O presente caso exige maior responsabilidade de um governante acostumado, talvez, a bravatear em favor da própria popularidade.
Alardear a compra de uma vacina inexistente é, até o momento, o pior estelionato político deste governo.