O discurso do governador Gladson Cameli sobre a possibilidade de realização da Feira Agropecuária do Acre, a Expoacre, no próximo mês, após uma flexibilização do isolamento social, precisa ser analisado com cautela. Com o achatamento da curva dos casos de coronavírus no estado previstos para setembro, os leitos de UTI destinados a tratar os pacientes mais graves seguem beirando a lotação máxima. E Cameli sabe dos riscos que uma decisão precipitada sobre o relaxamento das regras teria sobre a progressão da doença.
Segundo dados da Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre), nesta segunda-feira (8), o Pronto Socorro estava com 100% dos leitos ocupados – tanto os clínicos como os de UTI. A ocupação no Into era, respectivamente, de 80% e 96,4%. Com óbitos registrados na noite passada, há novas vagas à disposição, segundo informou a assessoria de imprensa da Sesacre ao oacreagora.com.
Sem data definida para o recrudescimento da pandemia no estado, a Sesacre não arrisca um prognóstico sobre a baixa nos registros de casos. Tudo depende do comportamento comunitário.
A contragosto, o epidemiologista Marcos Malveira, da Vigilância em Saúde do Acre, arriscou, anteriormente, um palpite de que a curva do coronavírus só passará a ser descendente em setembro. Ou seja: em julho, mês da Expoacre, ainda estaremos no olho do furacão.
Nesta segunda a Sesacre registrou 145 novos casos de coronavírus. O número de infectados saltou de 7.983 para 8.128 em todo o estado.
No afã, talvez, de agradar ao setor empresarial, o governador tratou de cogitar a abertura da feira agropecuária. “Pode ser uma boa oportunidade para os empresários arrecadarem recursos e o comércio aquecer a economia”, justificou no último sábado, em entrevista a um site local.
Gladson, porém, fez a ressalva de que a realização da Expoacre dependerá do número de casos do novo coronavírus.
Aos pecuaristas, pois, convém ir tirando os cavalinhos da chuva.