Eu educo ou abuso? Criança Habile, desaprendendo o mal aprendido

Uma sociedade na qual tem crescido bastante as violências, abuso sexual contra crianças e adolescentes, fracasso escolar, fracasso profissional, suicídio, depressão, doença mental, violência contra mulher e o feminicídio, sabendo que educação, tolerante ou rígida, está fundada nos constrangimentos e na violência, um estudo datado dia 27 de setembro de 2005, afirma a existência de uma nova psicopatologia, distúrbio de conduta, tratando de distúrbios de comportamento de oposição com provocação. A criança, perante um momento de abuso de autoridade, qualquer tipo de abuso que um adulto faça com essa criança, a mesma é anulada na sua totalidade, por se deparar com ataque a sua vulnerabilidade como criança, se tornando submetida aos desejos de outro adulto, seus “pais ou educadores”, um desamparo, criança essa com excesso, deixando de ser sujeito e passando ser objeto. Já dizia Dolto, “criança não é propriedade de seus pais”. A criança é os significantes do ato do outro, os significantes introduzidos pelo outro no corpo do bebê. “A criança expressa o que os pais levam em seu interior e que eles mesmos, não podem expressar”.

Nas décadas de 70 e 80, abuso infantil foi declarado como problema social, e isso não mudou na nossa atualidade. Muitas crianças têm chegado aos consultórios com sintomas de ansiedade, dificuldade na aprendizagem e concentração. Muitas, com tentativas de suicídios, pais sem conhecimentos e/ou orientação profissional relatando que educa seus filhos com palmadas, ameaças e castigos, porque dessa forma seus pais o educaram e assim se jugam pessoas de “bem”. Já dizia Sartre “detesto as vítimas quando elas respeitam os seus carrascos”. É notável que, alguém abusado quando criança será um pai, mãe ou cuidador abusivo, tornando assim um ciclo para o abuso. Abuso esse, no qual há muitos desfechos: psicopatia, transtornos de personalidades, obesidade, depressão, tentativas de suicídio, fracasso escolar, fracasso profissional, gravidez na adolescência e violência doméstica.

Toda criança apresenta sintoma familiar, já dizia Franções. Dentro da construção da criança, é a família e o ambiente na qual vive para desenvolvimento de sua vida psíquica, dentro de cada família existe um estilo.

Estilos parentais são comportamentos dos pais de conteúdos específicos, o que objetiva a socialização das crianças e dos adolescentes gerando um clima emocional.

Pais autoritários são rígidos e tendem a enfatizar a obediência e o respeito pela autoridade e ordem, estabelecendo cumprimento das regras imposta sem qualquer participação da criança, não estimulam e não valorizam a autonomia, rejeitando qualquer opinião da criança e do adolescente, utilizando de métodos punitivos.

 Pais afetuosos sempre oferecem suporte às necessidades dos filhos, solicitam opiniões e encorajam a autonomia. Assim, proporcionam oportunidade de desenvolvimento de suas habilidades.

Pais permissivos são tolerantes e tendem a satisfazer qualquer demanda, estabelecem poucas regras e limites, não estimulam responsabilidades e maturidade. As crianças monitoram sozinhas seus comportamentos. Pais responsivos são afetuosos, atenciosos e acolhedores. Pais negligentes têm baixa responsividades e exigências.

Quando uma criança passa por um abandono afetivo ou quando a frustração/privação de suas necessidades, essa criança é deficiente em estabilidade emocional.

Quando uma criança tem pais permissivos ou quando um dos pais retira o “não” do primeiro que foi dito, nesse caso os limites não são estabelecidos e autonomia não é estimulada, reforçando na criança a dependência, incompetência e merecimento.

Já em um ambiente traumático ou abusivo, acabam gerando na criança práticas de vitimização, e fazendo com que a criança se torne um possível adulto desenvolvendo esquemas de abuso e se tornando vulnerável ao abuso.

“Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para sua produção ou construção” (Paulo Freire).

“Educar é suscitar a inteligência, as forças criativas de uma criança dentro de seus próprios limites para que se sinta livre a pensar, sentir e julgar de maneira independente e com amor” (Dolto). “As crianças, incluindo os bebês bem pequenos, são pessoas, que precisam ser Vistas e Escutadas”.

O psicanalista Jorge Forbes fala que, toda criança precisa de amor, lei na qual Lacan descreve em nome-do-pai, e leitura de grandes obras para construção do psíquico.

Winnicott fala da mãe suficientemente boa e insuficientemente boa, que são mães simbólicas, que de certa forma transferem um amparo a essa criança ou desamparo.

Freud já dizia a importância da figura paterna e materna na vida desse sujeito para, o não mal estar no psiquismo.

Dr Ana Beatriz Barbosa autora do livro corações descontrolados, falando acerca do transtorno Borderline, fala que todos que apresenta este transtorno, são porque em sua infância passaram algum tipo de abuso. Todas as pesquisas têm comprovado que, de fato, uma pessoa não encontrar um sentido para sua vida, ou conseguir a sua própria felicidade está ligado de como esse sujeito viveu sua infância, que tipo de suporte foi desenvolvido pela mãe e pai simbólico.

Quando se fala de empoderamento, na verdade, o empoderamento é como o ego do sujeito suporta seus desafios. Uma pessoa empoderada é possuidor de ego no qual foi desenvolvido para lidar as divergências apresentada em seu percurso que é escolhido pelo o mesmo, e por tanto, só existe uma forma para isso acontecer, quando esse sujeito de alguma forma é percebido, e recebe um acolhimento para simbolizar suas frustações. Dessa forma sujeito sai do ciclo de sofrimento, correção emocional, terapia.    

Maria Damaira – Psicóloga

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