Em tempos de Covid-19: o adoecer sem estar doente

O mundo inteiro está focado em um só assunto: a pandemia do Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus. Apesar de a doença ter se originado na China, todos os dias milhares de novos casos e mortes em decorrência do vírus são registrados em diversos países. No dia 31 de dezembro de 2019, os primeiros casos de Covid-19 foram identificados na cidade de Wuhan, na China. A princípio, a doença era tratada como um tipo de pneumonia. Os primeiros infectados tinham algum tipo de relação com um mercado local de frutos do mar, o que levantou a suspeita de que a infecção tinha relação com os animais. Ainda não existe a certeza de que, de fato, a transmissão ocorreu de um animal marinho, mas outros bichos entraram na lista de possíveis suspeitos, como cobras e morcegos, segundo dados da OMS (Organização Mundial da Saúde).

A população e os governos de todo o mundo têm se dedicado para frear o rápido avanço da pandemia de Covid-19, porém estão à mercê de um inimigo cruel e invisível, que no momento em que este texto é publicado já matou mais de 159 mil pessoas e infectou ao menos 2 milhões, em 169 países.

Imagem: reprodução

Além de alavancar problemas econômicos e o colapso dos sistemas de saúde dos países afetados, a pandemia provocou pânico generalizado, fazendo as pessoas correrem para drogarias e supermercados, esgotando estoques de máscaras, álcool em gel e até papel higiênico. Além disso, a imposição de isolamento social, necessária para achatar a curva de transmissão do vírus, mudou radicalmente o cotidiano de milhões de pessoas ao redor do mundo, que se viram obrigadas a permanecer dentro de casa.

Diante desse fato, essa mudança abrupta de comportamento traz consigo vários problemas da ordem da saúde mental. O isolamento social forçado de crianças, jovens, adultos e idosos acarretou o afloramento de sentimentos de opressão, medo, tristeza, raiva e desamparo, de acordo com os especialistas. Algumas pessoas podem ter dificuldades para dormir ou se concentrar. O medo de entrar em contato com outras pessoas, viajar em transporte público ou entrar em espaços públicos pode aumentar, e algumas pessoas terão sintomas físicos, como aumento da frequência cardíaca ou dor de estômago. Além do aumento de casos de violência contra a mulher e outros.

MERS virus, Meadle-East Respiratory Syndrome coronovirus, 3D illustration

Esse adoecer sem estar doente nos faz refletir sobre a importância da atenção psicossocial para o cidadão, e rever o papel principalmente da psicologia nesse momento de pandemia. Vários profissionais da psicologia estão se colocando à disposição para dar apoio às pessoas em momento de crise derivada da Covid-19. Há grupos de apoio em todo mundo.

Porém, temos uma incógnita: como será a vida no pós-pandemia? O que fazer durante a pandemia para amenizar os impactos na saúde mental das pessoas? E nesse nicho estão inclusos os profissionais da psicologia, principalmente os que estão trabalhando na linha de frente no combate ao vírus. Questionamentos esses que devemos nos debruçar para amenizar a situação. A terapia para os profissionais será de fundamental importância, porém, os gestores públicos em sua grande maioria não têm essa preocupação com o agente público, e esse fica à mercê da própria sorte.

Como dito antes, estamos adoecendo sem estar doentes, e é hora de nos organizarmos para o pós-pandemia, traçar metas para o cuidado com a saúde mental de todos e todas. Nós profissionais da psicologia temos um papel muito importante no tocante aos cuidados com a saúde mental, porém, temos que ser cuidados para podermos cuidar, temos que estar atentos a essa situação nova que o mundo vive hoje.

Se nos cuidarmos, subiremos barranco a cima, caso contrário, será barranco a baixo. Juntos somos mais fortes. 

Eudmar Nunes Bastos Michalczuk é psicólogo clinico e técnico no Creas/Feijó, Acre. CRP 24/07256

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