A presidente do Sindicato dos Servidores Administrativos do Estado (Sindsai), a psicóloga Cátia Nascimento, critica um encontro realizado na última sexta-feira (20), no escritório do novo representante do Instituto de Administração Penitenciária do Acre (Iapen), Arlenilson Cunha. A reunião se deu entre ele e membros de uma comissão formada por policiais penais. Cátia afirma que decisões de interesse de todos os servidores das unidades prisionais estão sendo tomadas sem a participação dos profissionais de apoio, como assistentes sociais, enfermeiros e psicólogos, entre outros.
Além disso, segundo ela, o momento requer isolamento social, em obediência aos decretos publicados pelo governo e às orientações das autoridades de saúde do Brasil e do exterior.
A psicóloga classificou como ‘movimentação política’ e ‘monstruosidade’ a iniciativa de Arlenilson Cunha de se reunir com os policiais penais.
“Estamos vivendo um momento de calamidade pública. A gente tem uma pandemia. A gente tem que agir com seriedade, com compromisso social. Proteger vidas. É tempo de isolamento social”, diz ela em áudio enviado a um grupo no aplicativo WhatsApp.
Com sintomas gripais, Cátia afirma ter se isolado em casa para aguardar a progressão da doença e poder descartar um possível caso de infecção por coronavírus, evitando contaminar outras pessoas.
“Eles se reúnem pelas nossas costas, com a anuência das autoridades, para decidir sobre as nossas vidas. O instituto [penitenciário] não é só deles. Eu não aguento mais isso”, desabafou ela na mensagem de voz.
Ouça:
Na última terça-feira (17), o Sindsai havia emitido nota em que pedia às autoridades do estado que suspendessem as atividades consideradas não essenciais do Iapen.
“É fundamental que os gestores e servidores públicos considerem a responsabilidade coletiva e a ocorrência de situação de risco à saúde de todos os servidores do Sistema Penitenciário e consequentemente a de seus familiares e de toda sociedade acriana, entendendo que o isolamento social é fundamental para a prevenção e a não propagação do vírus”, dizia o texto.
Em uma nota subsequente, divulgada na sexta-feira (20), a psicóloga afirmou ter entrado em contato com o secretário de Segurança do Acre e com o presidente do Iapen pleiteando a suspensão das atividades não essenciais no órgão. “Nossos pedidos foram atendidos parcialmente, dentro do entendimento e responsabilidades que cabem à tais autoridades”, dizia o texto.
Na nota, Cátia disse ainda ter feito uma viagem interestadual, e que apresentou, desde o dia 16, diversos sintomas gripais, o que a obrigou a cumprir o protocolo de “quarentena”.
A reportagem do acreagora.com não conseguiu ouvir Arlenilson Cunha. O espaço segue aberto à sua manifestação.