Comer alho e tomar vitamina C: seis mentiras sobre o novo coronavírus

Junto com a chegada do novo coronavírus ao Brasil, aportaram aqui também as fake news, disseminando medo e informações incorretas sobre o vírus e a covid-19, a doença por ele causada. As redes sociais estão cheias de dicas supostamente médicas para a prevenção, diagnóstico e até tratamento caseiro da enfermidade.

Sem embasamento científico, eles estão sendo compartilhados em velocidade igual ou maior do que a da propagação do vírus por aqui. Por isso, vale ficar atento e conferir a procedência das informações antes de copiar, colar e enviar.

“Falta de informação é um perigo para a saúde. Confie nas informações que estão nos sites de órgãos como Ministério da Saúde, secretarias estaduais e municipais de saúde, Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), OMS (Organização Mundial de Saúde) e hospitais de referência. Se você recebeu alguma informação pelo WhatsApp, por exemplo, verifique se o conteúdo também está disponível nesses sites antes de compartilhar”, explica o infectologista Hélio Bacha, do Hospital Israelita Albert Einstein. Se não estiver, delete. Não contribua para a epidemia de desinformação.

Conheça algumas mentiras sobre a covid-19 e entenda os motivos pelos quais não devem ser propagadas.

1. Comer alho evita a contaminação pelo coronavírus

O alho tem comprovadamente componentes que auxiliam na redução do colesterol e nos processos do sistema imunológico. De acordo com a OMS, embora seja um alimento saudável, não há nenhuma evidência científica comprovando que seu consumo —em qualquer quantidade— pode proteger as pessoas do novo coronavírus.

“A imunidade é formada por um conjunto de fatores que atuam na defesa do corpo contra uma série de doenças, vírus e bactérias. Não podemos elencar um alimento ou uma vitamina para resolver um problema de saúde”, diz Hélio Bacha. “Também não existe nenhum estudo na medicina que comprove que quem come mais alho tem menos doenças.”

2. Consumo de altas quantidades de vitamina C natural

Uma mensagem que está circulando nas redes sociais atribuída a uma estudante chamada Laila Ahamadi, da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade de Zanjan, na China, diz que o consumo máximo de vitamina C natural pode fortalecer o sistema imunológico e combater o novo coronavírus. Segundo o texto, o microrganismo seria resultado de uma fusão entre os genes de cobra e de morcego. A mensagem ainda indica que o consumo de limão quente (rodelas colocadas em água quente) poderia proteger e até salvar a vida de quem contraiu o novo vírus respiratório.

Há várias informações erradas no texto que comprovam se tratar de uma fake news. A primeira e mais básica delas é a origem da mensagem: a Universidade de Zanjan fica no Irã e não na China. A segunda é de que não há ainda nenhuma comprovação de que o vírus foi transmitido por animais. As formas de transmissão, segundo a OMS, ainda estão sendo investigadas e a história de uma fusão de genes de uma cobra com um morcego causa desconfiança por si só.

No dia 2 de março, o Ministério da Saúde publicou em sua página oficial um alerta sobre a notícia: “não há nenhum medicamento, substância, vitamina, alimento específico milagroso ou vacina que possa prevenir a doença”. O infectologista Hélio Bacha reitera que a medicina atua com base em evidências científicas e todo excesso faz mal. O consumo exagerado de qualquer substância é prejudicial à saúde. No caso da vitamina C, ela pode provocar cálculos renais e distúrbios gastrointestinais

3. MMS – Os minerais milagrosos

Não é a primeira vez que os MMS (sigla para: Solução Mineral Milagrosa ou Suplemento Mineral Milagroso) estão sendo relacionados a cura de doenças. Já aconteceu com o câncer e o autismo. Agora, estão sendo associados à prevenção e cura do novo coronavírus.

Composta por dióxido de cloro, muito usado em alvejantes para tratamento de água, como a água sanitária, o produto não possui nenhuma propriedade medicinal e seu consumo pode até matar, de acordo com a Anvisa. O órgão informa ainda que a produção, distribuição, comercialização e divulgação do falso medicamento nunca foram permitidos no Brasil.

4. Uso de produtos químicos para as mãos

A medida em que o álcool gel está ficando escasso nas prateleiras dos mercados e farmácias, receitas de desinfetantes caseiros e indicações do uso de produtos de limpeza para higiene das mãos e até de bebidas alcoólicas (como cachaça e vodca) começaram a pipocar na internet. “Não é preciso inventar moda. Lavar as mãos com água e sabão é suficiente para manter as mãos higienizadas e reduzir as chances de propagação do coronavírus e outros vírus respiratórios, como o H1N1”, explica o infectologista do Einstein.

Hélio Bacha afirma ainda que o contato com produtos químicos sem proteção pode causar lesões de pele, sendo o ressecamento o mais comum. Além disso, o uso de bebidas alcoólicas para limpeza não é eficaz.

5. Beber água potável a cada 15 minutos

É consenso que o consumo de água é fundamental para o a saúde e bom funcionamento do corpo. Entre suas funções estão a regulação da temperatura do corpo e a absorção, transporte e distribuição de nutrientes para diversas partes do organismo. No entanto, postagens em redes sociais citam que um médico japonês recomenda a ingestão de água a cada 15 minutos para eliminar qualquer vírus por meio da urina e do suor. Bobagem. “O novo coronavírus não pode ser eliminado pela urina ou suor”, explica o médico Bacha.

6. Beber água quente e tomar sol

Algumas postagens dão conta ainda de que ingerir água quente e tomar sol são capazes de matar o novo coronavírus. “Mais uma bobagem da internet, mesmo porque a temperatura do corpo humano varia entre 36ºC e 37ºC. Não há nenhum estudo que comprove que o calor mate o vírus. Mas, se matasse, ele teria tempo suficiente de contaminar pessoas e causar a covid-19. É importante lembramos que ficar muito tempo exposto ao sol pode causar insolação, queimaduras na pele e favorecer o câncer de pele”, pondera Hélio Bacha.

Para qualquer vírus respiratório, temperaturas mais frias propiciam a transmissão. “Isso acontece porque as pessoas ficam mais aglomeradas e os lugares menos arejados, facilitando a transmissão da doença”, conclui o médico.

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