Após ouvir Bolsonaro, Bittar pode acionar STF para instalação da CPI dos Correios

Aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro, o senador Marcio Bittar (União-AC) apresentou um requerimento pedindo a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a situação financeira dos Correios, que registraram um prejuízo de 3,2 bilhões de reais no ano passado.

A iniciativa partiu de uma orientação direta de Bolsonaro, que aconselhou Bittar a pressionar o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), responsável por decidir se a comissão será instalada ou não. Caso a articulação política não funcione, os aliados do ex-presidente avaliam acionar o Supremo Tribunal Federal (STF) para garantir a instalação da CPI. As informações da Veja.

Para tentar convencer Alcolumbre, Bolsonaro sugeriu a Bittar que negocie apoio político, lembrando que o atual presidente do Senado deseja se manter no comando da Casa a partir de 2027. Segundo a estratégia desenhada por bolsonaristas, a partir de 2026 a direita deve conquistar a maioria das cadeiras no Senado, o que tornaria Alcolumbre dependente desse apoio para continuar à frente da presidência.

Apesar das manobras, os próprios aliados de Bolsonaro reconhecem que não será fácil dobrar Alcolumbre, sobretudo porque ele tem evitado entrar em confronto com o governo Lula. Se a resistência persistir, o grupo estuda recorrer ao STF. Uma possível judicialização provocaria um cenário curioso: em 2021, quando o então presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), resistia a instalar a CPI da Covid — exigida por opositores de Bolsonaro —, o Supremo foi acionado pelo senador Alessandro Vieira, que apelou ao direito da minoria. O ministro Luís Roberto Barroso acatou o pedido, decisão duramente criticada à época pelos bolsonaristas como suposta interferência do Judiciário no Legislativo.

Agora, o mesmo caminho poderá ser trilhado pelo campo político oposto, desta vez com os papéis invertidos.

O que está sob suspeita?

Os Correios, com mais de 85 mil funcionários e mais de 10 mil agências espalhadas pelo país, vêm acumulando prejuízos nos últimos anos. A gestão de Fabiano Silva dos Santos, atual presidente da estatal, é o principal alvo das críticas da oposição, que atribui os resultados negativos a decisões questionáveis ou potencialmente suspeitas.

Marcio Bittar cita, como exemplo, o episódio em que os Correios desistiram de contestar uma ação trabalhista que resultou no pagamento de 614 milhões de reais pela empresa. Outro ponto polêmico envolve um acordo pelo qual a estatal assumiu uma dívida de 7,6 bilhões de reais do Postalis, fundo de pensão dos funcionários. A operação teria gerado honorários milionários ao escritório de advocacia que atuou no caso — escritório que, no passado, teve o atual presidente dos Correios como sócio.

Fabiano Silva dos Santos nega qualquer irregularidade.

Gostou deste artigo?

Facebook
Twitter
Linkedin
WhatsApp

© COPYRIGHT O ACRE AGORA.COM – TODOS OS DIREITOS RESERVADOS. SITE DESENVOLVIDO POR R&D – DESIGN GRÁFICO E WEB