Acre: Elevação é um estado constante

Em todos os anos, o dia 15 de junho se resume a algumas frases informando o motivo de um feriado. Neste ano de 2020 está sendo diferente, afinal, estamos em plena pandemia e com isso as atividades cívicas se limitaram apenas à notícia da troca da bandeira e no simples rememorar o período de luta. O dia foi apenas a data em que há a elevação do território à condição de Estado do Acre.

Essa data vai além da mudança de patamar administrativo, ela representa uma luta iniciada na Revolução Acreana, na constituição da liderança política local, na necessidade de construção da própria identidade de um povo, na necessidade de decidir o próprio futuro. Assim, a luta durou décadas, consumiu juventudes, discursos, promessas, enquanto o governo federal, naquela época sediado no Rio de Janeiro, decidia o futuro de um território a extremo oeste do Brasil.

Enquanto isso, o dinheiro da borracha local, tipo acre-fino (chamada assim pelos especialistas por ser um látex de melhor qualidade), enchia de dinheiro os bolsos dos coronéis dos seringais e levava a modernidade à capital do Pará, Belém.

A partir de 1904 o Acre foi transformado em três departamentos: Alto Acre, Alto Purus e Alto Juruá. Cidades começaram a florescer em torno dos rios sob o jugo de prefeitos que ditavam a lei pelas redondezas. O povo, guerreiro por natureza, não deixou barato e, em 1910, organizou revolta em Cruzeiro do Sul. O mesmo ocorreu em Sena Madureira em 1913, mas todos os atos, considerados motins, foram reprimidos. Novas ações surgem em 1918, com o Movimento dos Autonomistas, que acabou também abafado pelas forças do governo federal e dos seus escolhidos.

Apenas em 1920 o Acre é reunificado, ganha um governador, mesmo que indicado, e já passa por algumas transformações com as primeiras construções de alvenaria e a escolha de Rio Branco como capital. Em 1934, com a Constituição da República, os debates sobre a elevação do Acre à condição de Estado voltam à cena pelo ex-governador José Guiomard Santos, na época exercendo o cargo de deputado, que apresenta o projeto, mas apenas em 1962 o presidente João Goulart assina a Lei 4.070 e torna o Acre, definitivamente, uma unidade federativa.

Ser acreano do pé rachado é ter orgulho das origens humildes, é buscar nas raízes os motivos de estarmos comemorando uma data que demonstra como a luta não acabou depois da vitória na Revolução Acreana. A luta é contínua e nos perseguirá por toda a nossa existência, pois a história é feita por pessoas, por isso não podemos nos esquecer daqueles que deram suas vidas para que pudéssemos galgar mais um degrau nessa escada da evolução.

Jebert Nascimento é empresário, advogado, administrador e contador acreano

Redes sociais: @jebertnascimento

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