Cinismo ou ingenuidade
O governador Gladson Cameli usou suas redes sociais no último sábado (14) para fazer uma consulta aos alunos e pais sobre o prometido kit de uniforme escolar e sobre as duas refeições nas escolas estaduais. Em tempo: os uniformes ainda não chegaram e a merenda tem gerado muitos problemas em alguns colégios.
Palavra da porta-voz
O que chamou a atenção na consulta pública de Gladson Cameli foi o seu total desconhecimento sobre questões importantes do seu governo. Esta coluna tratou do assunto no dia 4 de março, quando a porta-voz do governador confirmou o atraso dos uniformes e disse estar prevista somente para o final de maio ou início de junho a entrega aos alunos.
Somente um
Ouvi alguns diretores e coordenadores de colégios estaduais e o que me passaram é que ao contrário do que fora prometido por Gladson, cada aluno receberá somente um kit de uniforme e não dois, como prometeu o governador.
Humor
Ouvi um aluno falando com outro na Praça da Revolução: “O Coronavírus vai chegar no Acre antes do uniforme do Gladson”.
Lavar ou ir sujo
A saída é chegar da escola e correr para lavar o uniforme a tempo de secar para poder usá-lo novamente no dia seguinte – ou ir às aulas com ele sujo mesmo. Quem optar por lavar, ainda terá que torcer para que o Depasa colabore e mande água todos os dias.
Enxurrada de reclamações
A “consulta pública” de Gladson rendeu ao governador uma enxurrada de reclamações nos comentários de sua postagem. “Na escola João Paulo II, Serafim Salgado e Colégio Militar não tem almoço e quando tem é só ovo”, disse uma pessoa entre os mais de 1.500 comentários.
A realidade prevalece
O presidente populista Jair Messias Bolsonaro tratou o coronavírus como “fantasia” e convocou a população para ir às ruas em sua homenagem. “Participem!”, disse ele. Acontece que o exame do chefe da Secon, Fábio Wajngarten, que divulgou a “convocação presidencial”, deu positivo, e com isso o presidente cancelou a sua ida ao Nordeste. É a realidade rasgando a fantasia.
Precisamos de um presidente
Bolsonaro tem se comportado como um verdadeiro populista. Esquece de governar o país e cuida de coisas miúdas quando o Brasil tanto precisa de um governante capaz de enfrentar a gigantesca crise que se avizinha, em decorrência do coronavírus. Passa a maior parte do tempo atacando adversários e a imprensa. Joga para a plateia o tempo todo. O Brasil precisa de um presidente com urgência!
Absurdos da PM e a opinião de Itaan
O jornalista Itaan Aruda foi extremamente feliz em seu comentário sobre o festival de absurdos que alguns policiais militares andaram fazendo com as pessoas em suas abordagens. Em um país onde a intolerância quase nos impede de ter opiniões, não me surpreende o gigantesco número de ofensas que o jornalista sofreu dos internautas.
Assino embaixo
Como nunca fui de me preocupar com adjetivos a mim atribuídos por gente miúda, confesso que fiquei com uma “pontinha de inveja” dos comentários de Itaan. Gostaria de tê-los feito em primeira mão. Mas o nobre jornalista foi mais veloz. Me resta somente assinar embaixo. Itaan Aruda foi cirúrgico.
Exageros e absurdos
A Polícia Militar tem produzido vídeos e os publicados em redes sociais que mostram a atuação de policiais militares em sua rotina de trabalho. O que acontece é que assim como o nosso presidente, eles estão jogando para a plateia. E o que é pior: tem plateia aplaudindo os exageros dos PMs.
Aplausos bobocas
Não basta a abordagem como determina a lei. É preciso humilhar e desqualificar o cidadão. Esse tem sido o lema destes vídeos. E o que é mais triste: exatamente por isso é que eles estão tendo audiência e sendo aplaudidos por meias dúzia de bobocas.
Dúvida
Será que eles (os policiais e os bobocas) acreditam que irão melhorar os gigantescos índices de violência do nosso estado com vídeos cretinos nos quais estudantes são humilhados dentro da universidade por estarem consumindo maconha?
Será
Será que o governador Gladson Cameli e seu vice Major Rocha, que é policial militar, acreditam que assim estarão dando maior sensação de segurança à população?
Pasmem
Em um dos “vídeos abordagem”, o policial chega ao ponto de dizer a um estudante que foi flagrado consumindo maconha, que irá fichá-lo como maconheiro, para que ele no futuro não possa ser aprovado em concurso público.
Incapacidade
Um policial que age desta maneira preconceituosa com um adolescente, por este estar consumindo droga ilícita, mostra sua total incapacidade de lidar com questões sociais comuns em todas as cidades do país. Um despreparo total!
Abordagem seletiva
O que também chama atenção no “cineminha trash” da polícia é o fato de só se ver abordagem agressiva em bairros periféricos e universidade públicas. Será que eles pensam que nos bairros de bacanas e universidades particulares não se consomem drogas ou falta-lhes coragem para filmar a humilhação a algum filhinho de papai?
MP em ação
O Ministério Público vai analisar o vídeo em que policiais militares fazem a “abordagem” dentro do campus da Universidade Federal do Acre (Ufac) a possíveis usuários de maconha. Em um dos vídeos o policial diz que “terá o maior prazer em levar os estudantes para a delegacia e fichá-los como maconheiros”.
Vai se manifestar
Já que nem o governador e nem o seu vice se manifestaram sobre os vídeos, o promotor de justiça Teotônio Rodrigues Soares Júnior , que responde pelo Centro de Apoio Operacional do Controle Externo da Atividade Policial e Fiscalização dos Presídios, irá analisar possíveis abusos e se pronunciará em breve sobre o assunto.
Enquanto isso
Enquanto “valentes policiais” se promovem sob aplausos de meia dúzia de bobocas, constrangendo e humilhando pessoas pobres ou estudantes usuários de maconha, a vida real em alguns bairros de Rio Branco não está moleza. Tem gente saindo de casa já com a grana do “pedágio” separada no bolso.
Procedimento legal e fim papo
Não estou absolutamente condenando de forma generalizada a Polícia Militar do Acre. A ela devo gratidão e respeito. Como devo a todo servidor público. O que quero é que o policial, ao abordar qualquer cidadão, tenha em mente que o seu ofício é proteger e não constranger. Se tem algo errado, que toque o procedimento sem fanfarronice e autopromoção