Fagner Calegário desfilou toda sua arrogância diante da manicure Maria Suemir do Nascimento Cordeiro. Candidata a vereadora do município do Jordão pelo PT, ela gravou a conversa que teve dias atrás com o deputado estadual. E expôs aos acreanos, neste sábado (17), o aspecto mais indecoroso da política.
O áudio (ouça aqui) não deixa dúvidas quanto à tentativa de suborno. E se o conteúdo da mochila do parlamentar – ao qual ele se refere de forma bastante sugestiva – não conseguiu convencê-la, o jeito foi fazer ameaças.
A lição dada pela humilde manicure ao deputado petulante precisa passar pelo escrutínio da Justiça Eleitoral. Os meritíssimos sabem que o artigo 299 do Código Eleitoral instrui sobre o ato de “Dar, oferecer, prometer, solicitar ou receber, para si ou para outrem, dinheiro, dádiva, ou qualquer outra vantagem, para obter ou dar voto e para conseguir ou prometer abstenção, ainda que a oferta não seja aceita”. E que a pena é reclusão de até quatro anos e pagamento de 5 a 15 dias-multa.
Em sua defesa, o deputado minimizou os próprios atos. Afirmou não ver ‘nada demais’ no que tentou fazer. E alegou que tencionava ampliar sua base política no município.
Ocorre que durante a conversa, Calegário deixa claro que a cooptação visava fortalecer a candidatura a prefeito de Marcel da Caixa (PCdoB), adversário da petista Nágela Figueiredo, apoiada por Maria Suemir.
Em outubro deste ano, o Tribunal Regional Eleitoral do Acre cassou o mandato do então prefeito de Cruzeiro do Sul, Ilderlei Cordeiro, que também ficou inelegível por oito anos. Esse resultado foi um desfecho à tentativa do antecessor de Ilderlei, Vagner Sales, então prefeito do município, de comprar o apoio de um candidato a vereador da coligação adversária.
Calegário tem o direito de ampliar sua base política. O que não parece razoável é que o faça a partir de promessas de vantagens no âmbito da administração pública ou de ameaças.
No caso da manicure, prevaleceu a honra. Mas para outros três candidatos do PT mencionados na conversa, o conteúdo da mochila do deputado foi mais convincente.