Estava entrando distraidamente no elevador quando um entregador de fast food entra apressadamente junto a mim. Em um gesto automático com a cabeça, “sugiro” um olá. Ele também responde com singelo balançar de cabeça. Não pude deixar de perceber que o jovem entregador era japonês.
Como eu soube que ele era japonês e não chinês ou coreano? O rosto japonês é, geralmente, mais longo e mais largo, enquanto o rosto coreano, muitas vezes, tem um maxilar mais proeminente e as maçãs do rosto altas. O rosto chinês é tipicamente redondo.
Mas, como assim, um japonês trabalhando como entregador de fast food? Não seria mais comum se o jovem nipônico fosse um técnico de informática ou algo relacionado à tecnologia? Não, é claro que não. Por que será que temos a mania de rotular as pessoas? Seja pela nacionalidade, peso, tipo de cabelo, quantidade de tatuagens, modo de vestir, religião ou até mesmo pela cor da pele.
Lembrei de um amigo, cirurgião oncológico, formado na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), uma das mais conceituadas do país, que tem o braço “fechado” por tatuagens. Ele disse que constantemente percebe o olhar assustado das pessoas quando diz qual é o seu ofício. Como assim, um médico-cirurgião todo tatuado? Acredito que se ele fosse cantor de rock, não passaria por isso.
O psicólogo acreano Cleib Lubiana diz que “a rotulação do outro pode ter várias causas que extrapolam o domínio da psicologia. Mas, algumas manifestações podem ser capturadas por teorias da mente humana. Pelos ‘olhos’ da psicanálise a rotulação pode ser uma defesa em que o humano projeta no outro aquilo que nega ou luta contra em si”.
Por que rotulamos as pessoas e detestamos quando somos rotulados?
De acordo com o site psicoter, especializado em terapia online, a riqueza do ser humano está na sua diversidade. Por isso, julgar as pessoas pelo que elas fazem ou são é um grande problema em nossa sociedade. Questão que pode inclusive causar transtornos psicológicos.
Rótulo é um papel que se coloca em embalagens e recipientes, com indicações sobre o conteúdo. Ou seja, é toda e qualquer informação referente a um produto que esteja transcrita em sua embalagem.
Rotular pessoas é exatamente isso: defini-las, conceituá-las, com base em situações e opiniões preconcebidas. Todos nós temos dias bons, dias ruins e situações que influenciam no nosso comportamento. Em situações adversas, teremos comportamentos e reações incomuns ao nosso modo de ser do cotidiano.
E você, é adepto da expressão “a primeira impressão é a que fica”? Que tal tentar mudar isso?