Talvez seja coisa da minha geração, ou só um jeito meu de nunca ter me rendido totalmente aos modismos. Vivi minha juventude intensamente, sempre mais ligado em aproveitar o momento do que em registrar tudo. Por isso, tenho poucas fotos com os amigos. As melhores lembranças ficaram na memória.
Esses dias, fui a um show, fazia tempo que não ia. E, olha… me chamou a atenção a quantidade de celulares erguidos. Era como se todo mundo estivesse mais preocupado em gravar cada segundo do que em viver o que estava acontecendo. Filmavam o show, tiravam selfies, registravam as próprias reações dançando, cantando, chorando… parecia que estar ali era menos importante do que mostrar que estavam ali.
Fiquei pensando: quando foi que a gente começou a achar mais importante mostrar o que está vivendo do que, de fato, viver? A emoção do ao vivo, o arrepio que a música dá, aquela conexão com a multidão… tudo isso vem sendo trocado por uma tela de cinco polegadas e uma busca pelo ângulo certo.
Claro, a tecnologia mudou tudo. Antes a gente esperava a música tocar na rádio ou na MTV. Hoje, está tudo no YouTube, no Spotify, ao alcance de um clique. Mas, será que isso não fez a experiência perder um pouco do brilho? A música está sempre ali, mas e a sensação de estar presente, de viver aquele instante único?
A real é que muita gente grava tudo para guardar… mas acaba nem revendo. Fica ali, esquecido no celular ou em um story que some em 24 horas. E no fim, o que a gente perde é o mais importante: o arrepio, o sorriso espontâneo, o olhar cúmplice quando começa aquele refrão que todo mundo ama.
Talvez estejamos tentando provar alguma coisa, para os outros ou para gente mesmo, e esquecendo de viver. Pode ser só minha nostalgia gritando ou tenho saudade da entrega total, de estar por inteiro num momento. Mas respeito, talvez não adapte, e cada um vai vivendo mais on e menos live.