A empáfia deu lugar à modéstia. A arrogância cedeu à humilhação. Ao lado do senador Flávio Bolsonaro, o governador do Acre, Gladson Cameli, apareceu em um vídeo com cara de cachorro sem dono. Após flertar com o governador paulista João Doria, resolveu derramar-se em declarações de amor ao presidente da República, Jair Bolsonaro.  

Acossado pela Polícia Federal, que lhe revirou o apartamento em dezembro do ano passado, a cumprir mandado de busca e apreensão no âmbito da Operação Ptolomeu, Gladson agora tenta agarrar-se às barras das calças de Bolsonaro. Sabe bem o que significa o apoio do presidente da República à sua tentativa de reeleição.

O encontro foi urdido pelo senador Marcio Bittar. Dependesse da força política de Cameli, certamente seu acesso ao gabinete de Flavio não teria sido possível. E ocorreu enquanto o presidente cumpria agenda na Rússia.

Prova da falta de prestígio de Gladson junto ao governo federal foi o ‘gelo’ que tomou de Bolsonaro em Porto Velho, durante encontro com o presidente do Peru, José Pedro Castillo Terrones.

Rondônia, a propósito, tem como limites a Bolívia, Acre, Amazonas e Mato Grosso. Não faz fronteira com o Peru. Ainda assim, a reunião de Bolsonaro com Terrones se deu na capital do estado vizinho. Por dois motivos: o primeiro é que Bolsonaro confia no governador Marcos Rocha, que se mostrou fiel. O segundo é que queria evitar sair mal nas fotografias.

Do alto de sua arrogância, Gladson acreditou um dia que poderia prescindir de Bolsonaro. Acercou-se de Doria, integrou o consórcio de governadores que tentavam afrontar o governo federal ao acenar com a compra da vacina Sputnik. Com isso, afastou-se do Palácio do Planalto, do qual agora tenta uma reaproximação acanhada e humilhante.

Gladson, no entanto, ao menos sabe o momento certo de se passar por humilde. Já a turma do seu seu staff continua a acreditar que a reeleição está garantida. E haja presunção.

Veja o vídeo aqui.