Em entrevista ao DiárioCast nesta sexta-feira (11), o presidente do PRD no Acre, Pedro Valério, fez duras críticas às ações ambientais promovidas na Reserva Chico Mendes e afirmou que o maior obstáculo ao desenvolvimento do estado está na legislação ambiental brasileira. Produtor rural e político com longa atuação, Valério relatou casos que, segundo ele, exemplificam a criminalização de famílias que apenas tentam sobreviver no campo.
“Não há desmate por dolo. Ninguém derruba floresta porque quer. É por necessidade. O roçado é a única forma de subsistência dessas pessoas”, afirmou. Para Valério, a criação da reserva, feita às pressas após a morte de Chico Mendes, desconsiderou a presença histórica das famílias que já ocupavam a região há gerações.
O presidente do PRD também denunciou o que chamou de “opressão institucional” do ICMBio e de outros órgãos ambientais. Ele citou casos de apreensão de gado e de aplicação de multas que, segundo ele, desrespeitam o princípio do bom senso. “Eles não levam assistência, só repressão. E a única presença do Estado é para punir”, criticou.
“O seringueiro sempre viveu na miséria”
Valério questionou o discurso de valorização do extrativismo na Amazônia. “A verdade é que ninguém prosperou tirando seringa e castanha. O extrativismo foi para as cucuias. E quem quer prosperar precisa criar gado, plantar, ter sua vaquinha”, disse.
Ele também associou a política ambiental brasileira a interesses geopolíticos. “Eles não estão de olho na floresta, estão de olho no que está embaixo dela: gás, petróleo, nióbio”, declarou, citando a atuação de potências estrangeiras e de ONGs internacionais na região amazônica. Segundo Valério, a ministra Marina Silva representa esses interesses no governo federal. “Ela não representa o Acre, representa interesses de fora.”
Críticas ao governo federal e à bancada do Acre
Ao longo da entrevista, o dirigente do PRD fez críticas contundentes ao presidente Lula, ao Supremo Tribunal Federal e à bancada federal do Acre, que, segundo ele, tem se omitido diante das dificuldades do setor produtivo. “Estão todos preocupados com emendas parlamentares. Mas o que o Acre precisa é de representação de verdade, de enfrentamento às leis que sufocam quem produz.”
Ele também expressou ceticismo em relação às próximas eleições. “Alguém acredita que vamos ter eleição limpa em 2026? Com esse controle das redes, com parlamentares sendo amordaçados e perseguidos?”
Federação com o Solidariedade e eleições 2026
Pedro Valério comentou ainda a federação nacional entre PRD e Solidariedade, e disse que o comando local ainda será definido em diálogo com o deputado Afonso Fernandes. “Temos uma boa relação. Vamos buscar unidade para fortalecer a chapa e tentar eleger um deputado federal. Essa é a nossa missão.”
O dirigente confirmou apoio à pré-candidatura de Mailza Gomes ao governo e de Gladson Cameli ao Senado, e fez um chamado à participação feminina. “A mulher é mais honesta, mais comprometida, mais forte. Temos orgulho de apoiar a Mailza e queremos mais mulheres na política”, disse.
Em sua fala final, Valério reforçou a necessidade de mudar o marco ambiental brasileiro. “O Acre só vai se desenvolver quando houver afrouxamento do radicalismo ambiental. A solução passa pela política.”