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Na Amazônia brasileira, comunidades tradicionais têm historicamente utilizado a floresta de forma sustentável. O manejo florestal permite o uso múltiplo de recursos naturais como madeira, frutos, sementes e plantas medicinais, assegurando renda e conservação ambiental.
Cadeia Produtiva da Madeira
Em Xapurí em 2006, foi implantado em Xapuri o Complexo Industrial Florestal, conhecido como Fábrica de Taco. Com capacidade para beneficiar 100 mil m³ de madeira por ano, gera mais de 800 empregos diretos e indiretos. A matéria-prima é manejada de forma sustentável, proveniente da RESEX Chico Mendes e outras áreas certificadas pelo FSC.
Cadeia Produtiva da Borracha
A fábrica de preservativos NATEX, também em Xapuri, chegou a produzir até 100 milhões de unidades por ano, consumindo 500 mil litros de látex e gerando 170 empregos. A iniciativa envolveu 700 famílias extrativistas. Apesar de estar atualmente fechada, existem negociações para sua reabertura via parcerias público-privadas. A empresa Vert, que utiliza látex do Acre na fabricação de calçados vendidos na Europa, também reforça o valor da borracha nativa.
Cadeia Produtiva da Castanha
A Cooperacre é hoje a maior beneficiadora de castanha-do-brasil do país. Em 2023, processou 1.200 toneladas e movimentou mais de R$ 73 milhões em bioeconomia. A cooperativa envolve cerca de 4 mil famílias e investe em processamento e exportação.
Cadeia Produtiva de Pequenos Animais
O Complexo Acreaves e a empresa Dom Porquito estruturaram a cadeia produtiva de aves e suínos. O frigorífico de aves abate até 41 mil por dia. Já a suinocultura trabalha com integração de pequenos produtores e prevê abate de até 1.600 suínos/dia, com padrão industrial e tecnologia alemã.
Cadeia Produtiva de Frutas
Com investimentos de R$ 60 milhões, a Cooperacre está construindo uma nova planta agroindustrial para processar até 10 mil toneladas de frutas por ano. Serão beneficiadas espécies como açaí, cupuaçu, cajá, maracujá, acerola e manga, ampliando a cadeia da bioeconomia.
Cadeia Produtiva do Bambu
O Acre possui a maior reserva natural de bambu do mundo. A cadeia de valor do bambu pode envolver mais de 2 mil famílias da RESEX Chico Mendes e da Floresta Estadual do Antimary, com forte potencial econômico.
Cadeias de Óleos e Oleaginosas
Foram desenvolvidos produtos como sabonetes e shampoos medicinais com espécies nativas (melão-de-são-caetano, andiroba, copaíba). A capacitação comunitária fortaleceu cadeias de óleos vegetais como a de açaí, buriti, patauá e murmuru, com destaque para o Juruá.
Meliponicultura
A criação de abelhas sem ferrão é incentivada desde 2012, promovendo geração de renda e preservação. Trata-se de uma alternativa sustentável, com foco em educação ambiental e inclusão produtiva.
Considerações Finais
O conjunto dessas experiências mostra que é possível gerar desenvolvimento econômico com a floresta em pé. No entanto, muitas dessas iniciativas precisam que estas instituições s públicos e privados, e acessarem os recursos de investimento disponíveis, como os editais do Fundo Amazônia, PAC e emendas parlamentares.
A pecuária pode ser praticada nas áreas daRESEX, tem baixo retorno econômico (PIB de R$ 500/hectare/ano) de acordo com seu plano de uso . A, atividades extrativistas e agroflorestais como o café, podem gerar R$ 20 mil/hectare/ano e dar maior diversidade e rentabilidade economica, ecológica e social para cada familia.
A RESEX Chico Mendes prova que é possível produzir respeitando a floresta e suas populações tradicionais.
Inácio Moreira
Porta-Voz Estadual da Rede Sustentabilidade do Estado do Acre.