O episódio protagonizado pelo vereador Eber Machado (MDB) na sessão desta quarta-feira (4), na Câmara Municipal de Rio Branco, ultrapassa os limites esperados de um debate público saudável e revela uma perigosa banalização da função parlamentar.
Ao recorrer a insultos pessoais contra o secretário municipal de Articulação Institucional, Jhonatan Santiago — a quem se referiu de forma ofensiva como “Shrek” e “seboso” —, o vereador não apenas compromete a dignidade do cargo que ocupa, como também esvazia o conteúdo de qualquer crítica legítima que eventualmente poderia apresentar ao Executivo.
Atribuir-se o papel de fiscal do povo exige mais do que um microfone e disposição para o confronto. Exige responsabilidade. A tribuna não é espaço para desaforos, nem palanque para agressões disfarçadas de bravatas. Quando um representante eleito transforma o parlamento em ringue, quem perde é a democracia.
Em vez de discutir com argumentos os supostos atos de intimidação de que alega ter sido alvo, Eber optou pelo caminho mais ruidoso — e também o mais pobre. O vocabulário que escolheu diz menos sobre o adversário e mais sobre sua própria visão de política.
A resposta breve do secretário, ao citar o provérbio popular “cachorro que ladra não morde”, embora simplista, expôs de forma clara o contraste entre o ruído e o silêncio: enquanto um lado tenta fazer política com gritos e apelidos, o outro responde com indiferença calculada.
É lamentável que o debate institucional em Rio Branco desça a esse nível. Espera-se de um vereador postura à altura do cargo, compostura nos embates e firmeza nas ideias — não ataques pessoais dignos de um recreio escolar. A população, que acompanha perplexa o espetáculo, merece mais do que isso. Merece política com P maiúsculo.