Saúde confirma mais uma morte de criança por síndrome respiratória grave

O estado do Acre vem enfrentando o aumento das internações de crianças com síndrome respiratórias graves e mortes pela doença. Nesta terça-feira (14), a Secretaria de Saúde do Acre (Sesacre) confirmou mais uma morte por síndrome respiratória grave. Agora, são dez óbitos de crianças em menos de dois meses.

A vítima é uma menina de 1 ano, que deu entrada na segunda-feira (13) e morreu no mesmo dia. Segundo a Sesacre, a morte da menina foi causada pelo choque séptico refratário por pneumonia.

Ela deu entrada no pronto-socorro de Rio Branco e foi transferida para o Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Acre (Into-AC). “Chegando lá já com pupilas dilatadas e em parada”, disse nota.

Esse aumento dos casos expôs a falta de estrutura dos hospitais para atender crianças, já que o pronto-socorro é a referência para atendimentos graves na capital.

Negligência

Pais das crianças que morreram com a doença acusam o estado de negligência e denunciam falta de estrutura e medicamentos nessas unidades. Por isso, na sexta-feira (10), o Conselho Regional de Medicina do Acre (CRM-AC) fez uma fiscalização no pronto-socorro da capital.

A vistoria foi feita pela presidente do CRM, Leuda Dávalos e pelo conselheiro diretor Virgilio Prado, acompanhados de funcionários do setor de fiscalização do CRM.

Uma das principais irregularidades encontradas, segundo o conselho, foi com relação ao local de atendimento da pediatria, que não há um consultório e, por isso, as crianças são atendidas no corredor da unidade.

Um relatório com os problemas detectados será elaborado pelo CRM e enviado, de maneira emergencial, à Secretaria Estadual de Saúde para que as devidas providências sejam tomadas.

Pacientes transferidos

Em meio a tudo isso, o governo decidiu transferir as instalações e pacientes do Hospital da Criança de Rio Branco para o prédio do Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Acre (Into-AC). A transferência de 63 crianças começou neste sábado (11).

O problema de leitos e falta de estrutura do Hospital da Criança ficou mais evidente nos últimos dias, após o registro de, pelo menos 9 mortes de crianças de 2 meses a 4 anos com síndromes respiratórias.

Com apenas nove leitos de UTI na unidade, que é referência para o atendimento pediátrico no estado, as crianças estavam morrendo sendo atendidas no Pronto-Socorro da capital e algumas acabaram morrendo à espera de transferência. Como foi o caso do pequeno Théo Dantas, de 10 meses.

Agora, com a reforma no Hospital da Criança e transferência das instalações, todos os atendimentos pediátricos passam para o Into, não só os casos de síndromes respiratórias. No entanto, segundo a Secretaria de Saúde, os pais que tiverem com crianças doentes devem primeiro procurar a Unidade de Pronto Atendimento do Segundo Distrito ou, no casos mais graves, o PS, e depois os pacientes serão remanejados ao Into, caso seja solicitado pelo médico.

Ao todo, o Into deve contar com 100 leitos pediátricos, ou seja, 37 a mais que no Hospital da Criança. O governo não divulgou a quantidade exata de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e enfermaria pediátricos que serão instalados.

O Into chegou a ser referência no atendimentos de pacientes infectados pelo novo coronavírus no estado. No final do mês de março deste ano, com a redução de casos da doença no estado, a unidade deixou de oferecer tratamento contra a Covid-19 e passou a funcionar como um complexo da Fundação Hospitalar (Fundhacre).

Nos últimos dias, o aumento nos casos de síndromes respiratórias em crianças tem chamado atenção. Mães e pais têm ficado desesperados com a demora por leitos para internação dos filhos e alegam negligência médica.

Desde abril, foram registrados 96 casos de crianças que precisaram passar por internação no Pronto-socorro de Rio Branco, segundo dados divulgados pela Sesacre na última quarta (8). O g1 tentou atualizar esses números neste sábado (11) com a Saúde, mas ainda aguarda resposta.

O governo informou que a transferência das instalações e pacientes do Hospital da Criança para o Into estava programada para acontecer após o cancelamento da resolução de tombamento do prédio, o que ocorreu na quinta (9). Com isso, vai ser possível fazer obras de reforma e ampliação.

Também por conta da alta procura por atendimentos de casos de síndromes respiratórias, o governo informou que o Pronto-Socorro de Rio Branco e a Unidade de Pronto Atendimento (Upa) do Segundo Distrito também passam por ampliação dos leitos.

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Foto: Ágatha Lima/Rede Amazônica

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