Rodrigo Farias escreve: “Frango a passarinho, Romário e a virada do século”

Botequim é local para os mais variados assuntos, mas sem sombra de dúvida, futebol é um dos que mais imperam entre uma rodada e outra, entre um petisco e outro. Se quase todo brasileiro se acha um pouco técnico de futebol, o bar é o seu estádio. É ali que ele ensina ao mundo o que o treinador do seu time deveria fazer para ganhar todas as partidas. Mesa de bar é terreno fértil para a criatividade.

Ir a um bar com a camisa do seu time pode ser o estopim para “bêbadas palestras” sobre esquemas táticos ou de como uma determinada equipe deveria atuar. Sempre achei engraçado como esses “sabidos” entendem mais do esporte bretão do que os profissionais que atuam nos grandes times do país. Chamar técnico de burro é quase uma obrigação para esses “especialistas”.

Nesse dia, uma quinta-feira à tarde, eu cometi dois erros infantis para um bom e experiente frequentador de botequim: Fui com a camisa do Flamengo, meu clube de coração, e não prestei atenção na mesa ao lado, antes de me sentar. Nela estavam três pessoas, dois homens e uma mulher, vestidos com a camisa do Vasco da Gama.   

Pedi a cerveja da promoção, uma porção de frango a passarinho, os cumprimentei com um balançar de cabeça e tentei disfarçar minha presença. Em vão!

– Meu amigo, você já viu uma virada maior do que aquela de ontem? Ela foi a maior e mais importante virada do século.

Pensei em contestar, mas o medo disso virar uma discussão chata e acabar com o paladar do meu frango, concordei.

– Foi realmente sensacional – Exclamei.

O rapaz se referia a final da Copa Mercosul (hoje a Supercopa) entre Vasco da Gama e Palmeiras, em 20 de dezembro do ano 2000. O clube carioca vencera o Alviverde por 4 a 3, em uma partida considerada como o maior jogo da história entre os grandes clubes brasileiros em enquete realizada pelo site GloboEsporte.com .

A partida foi tão antológica que virou um livro, escrito pelo meu amigo e jornalista carioca Camilo Sepúlveda: A virada do século!

Juninho Paulista e Romário comandaram a virada espetacular do Vasco sobre o Palmeiras naquela final no Palestra Itália. O Cruzmaltino venceu por 4 a 3, após terminar o primeiro tempo perdendo por 3 a 0.

Na primeira partida, o Gigante da Colina derrotou o Palmeiras por 2 a 0. Já no segundo encontro, o Alviverde fez 1 a 0 no Vasco da Gama e levou a decisão para o terceiro jogo, disputado na capital paulista. Com três gols do baixinho Romário e um de Juninho Paulista, o Cruzmaltino, conhecido por sua torcida como o “Time da Virada”, virou o placar, silenciou o estádio e se sagrou campeão, em uma virada esplêndida.

Permaneci o resto da tarde em silêncio, saboreando o meu frango a passarinho e algumas cervejas. Até a hora de pedir ao Alan, o garçom, a saideira e a conta. 

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