Rocha vs. Cameli: ao vencedor, as batatas!

Estão longe de cessarem as intrigas palacianas protagonizadas pelo vice-governador Wherles Rocha e o governador Gladson Cameli. Neste sábado (10), o primeiro tratou de compartilhar, nos grupos do WhatsApp, um vídeo em que uma moradora da capital desanca Cameli por ser obrigada a fechar as portas do seu comércio (assista aqui).

A semana que termina foi pródiga em ataques de um lado e de outro. Começou com Rocha criticando o lockdown aos finais de semana, se desdobrou em canetadas contra os militares ligados a ele e deve terminar com o vídeo citado no parágrafo anterior.

Enquanto isso o Acre vai muito mal, obrigado. Gladson continua a dar mostras de que não sabe ao certo o que fazer diante da pandemia. Ora adota as restrições, ora se diz contra elas. Se numa semana puxa para si a responsabilidade de fechar o comércio, na outra quer dividir com os prefeitos o desgaste por tê-lo feito.

Não bastassem os desafios dos quais não consegue dar cabo e das (muitas) promessas que se perderam no caminho – e pelas quais continua a ser cobrado –, o governador ainda precisa lidar com o inimigo na cozinha do poder.

Mas não é apenas o vice que rosna em seu derredor. Gladson optou por afastar-se dos aliados para flertar com os adversários das urnas. Tem como interlocutor na Educação, por exemplo, um velho comunista agora tingido pelas tintas do liberalismo. E como líder na Aleac aquele que longamente se viu beneficiado pelo petismo.

Não esqueçamos a aposta na ex-prefeita Socorro Neri, que aprofundou o fosso que o separa do MDB e acabou por nutrir ressentimentos nas alas formadas, de um lado, por Bocalom e Petecão, e de outro, pelo Major Rocha.

Se a vida de fato imitasse a arte e a literatura fosse capaz de explicar a realidade, eu diria que Gladson Cameli é o nosso Don Quixote de la Mancha, o cavaleiro da triste figura. Ou ainda Macunaíma, o herói sem caráter.

Mas se a questão em tela é a briga de foice entre ele e o vice, eu preciso recorrer à sabedoria de Machado de Assis. Quem leu Quincas Borba sabe que foi Machado quem cunhou a frase “ao vencedor, as batatas”.

Como na lição do personagem do romance, a suposição aqui é que há um só campo de batatas incapaz de saciar a fome dos grupos rivais. Rocha quer as batatas para si, e Gladson não abre mão delas – antes as repartindo com aqueles que, ao longo de 20 anos, se fartaram com os tubérculos. A única saída, pois, é a guerra.

E a máxima de Quincas Borba haverá de prevalecer entre eles: “Ao vencido, ódio ou compaixão; ao vencedor, as batatas”.

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