A vida tem suas notas certas e seus acordes dissonantes. Como uma escala musical, meus dias seguem altos e baixos, indo do vibrante ao melancólico em uma única batida. Talvez seja por isso que a música seja meu combustível diário. Entre todos os gêneros possíveis, suas combinações, ritmos e letras, algumas faixas se tornam apenas pano de fundo, enquanto outras ecoam dentro de mim, despertando reflexões.

Ontem foi um desses dias que mais parecia uma canção frenética, sem pausa para respiro. O caos começou às 3h15 da manhã, e em meio à rotina acelerada, uma frase reverberou na minha mente: o caminho é estreito e eu tô na contramão. Não era apenas um verso solto; era a trilha sonora perfeita para o que eu sentia naquele instante.

Quem me conhece, sabe dos meus corres. Sabe quantas vezes tropecei, levantei e continuei dançando, mesmo quando os pés doíam e o cansaço tentava me derrubar. Mas há algo curioso sobre os recomeços: cada nova tentativa traz consigo as marcas do passado. E essas marcas, por vezes, ardem mais do que antes. O levantar se torna mais dolorido, e resetar parece impossível.

No fundo, às vezes me sinto como na música Superman, do Fruto Sagrado. Tentando carregar o mundo nas costas, me forçando a ser forte quando, na verdade, tudo o que queria era um tempo para respirar. “Quem disse que eu sou o Superman?” — essa pergunta ressoa em mim. Não sou de ferro, não sou invencível, mas sigo, porque parar não é uma opção.

E quando a exaustão bate forte, quando a noite se arrasta e tudo o que desejo é um pouco de paz, a melodia de Não Quero Mais Acordar Assim toma conta dos meus pensamentos. Às vezes, acordar e sentir o peso das lutas do dia anterior parece demais. Mas a verdade é que, mesmo sem querer, eu me levanto. Sempre me levanto.

Ainda assim, a música segue tocando. O compasso pode mudar, o ritmo pode oscilar, mas enquanto houver som, há movimento. E eu sigo dançando, mesmo que, por vezes, pareça estar na contramão.

Saul Galdino – administrador