Recorde de mortes e colapso de saúde no Brasil são destaque na mídia estrangeira


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Essa variante, descoberta em Manaus, já está presente em mais de 20 países, é 2,2 vezes mais contagiosa e 61% mais capaz de reinfectar as pessoas, segundo um estudo citado na reportagem
Reprodução: BBC News Brasil

Essa variante, descoberta em Manaus, já está presente em mais de 20 países, é 2,2 vezes mais contagiosa e 61% mais capaz de reinfectar as pessoas, segundo um estudo citado na reportagem

O colapso no sistema de saúde do Brasil em decorrência da pandemia, que levou ao registro de mais 3.650 mortes nesta sexta-feira (26/3), ganhou destaque nos três principais jornais dos Estados Unidos, país que ocupava o ranking global de mortes diárias por coronavírus até o início de março, quando foi ultrapassado pelo Brasil.

The New York Times, The Wall Street Journal e The Washington Post, além da agência de notícias americana Associated Press e da revista britânica The Economist, retratam hospitais lotados, o avanço da variante descoberta em Manaus, as falhas do governo Bolsonaro, o espalhamento de desinformação em torno de tratamentos sem eficácia, a exaustão dos profissionais de saúde e a escassez de oxigênio e medicamentos para intubação.

A Economist e o Wall Street Journal tratam a situação no Brasil como uma ameaça à saúde pública global, principalmente por causa da variante que circula com força no país.

A crise brasileira ocupava a manchete do site do jornal The New York Times neste sábado (27/3) a partir de uma reportagem intitulada “Um colapso esperado: como a pandemia de covid-19 no Brasil superlotou hospitais”.

O texto, assinada por Ernesto Londoño e Letícia Casado, descreve a situação a partir de Porto Alegre, “cidade no centro de um chocante colapso do sistema de saúde do país”. A capital gaúcha tem uma lista de espera por leitos de UTIs que dobrou de tamanho nas últimas semanas, com mais de 250 pacientes em estado crítico.

A cidade também foi recentemente palco de protestos contra medidas de restrição à circulação de pessoas, com participação majoritária de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro, descrito na reportagem como um líder que continua a promover remédios ineficazes e potencialmente perigosos contra a doença e a atuar contra estratégias como o lockdown.

Os repórteres do New York Times também entrevistam pessoas que concordam com Bolsonaro, refutam a gravidade da situação e consomem desinformação em redes sociais, como notícias falsas sobre vacinas e supostas sabotagens à política incipiente de Bolsonaro para combater a pandemia.

A reportagem do jornal The Wall Street Journal também é escrita a partir de Porto Alegre. Segundo texto assinado por Paulo Trevisani, Samantha Pearson e Luciana Magalhães, a variante do coronavírus P1 tem devastado o Brasil e representa “uma ameaça à saúde pública global”.

Essa variante, descoberta em Manaus, já está presente em mais de 20 países, é 2,2 vezes mais contagiosa e 61% mais capaz de reinfectar as pessoas, segundo um estudo citado na reportagem.

O texto destaca ainda o perfil etário dos mortos na atual onda de infecções no Brasil, com uma proporção de menores de 60 anos em torno de 30%, ante os 26% na onda anterior em meados de 2020.

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O relato do Washington Post é feito a partir do Rio de Janeiro, em texto assinado por Terrence McCoy e Heloísa Traiano. Os repórteres retratam a escassez de medicamentos, oxigênio e profissionais de saúde para as UTIs lotadas na capital fluminense, além das “dolorosas decisões” de optar por tratar apenas aqueles com mais chance de sobrevivência.

A reportagem cita estudos que trata da exaustão e do impacto psicológico em profissionais de saúde da linha de frente do combate à pandemia, que apontam abalos emocionais em 90% deles, além de depressão, ansiedade, insônia e pensamentos suicidas em quase metade dos entrevistados no Ceará.

O caos na saúde pública brasileira também ganhou destaque neste sábado na agência de notícias Associated Press. Reportagem assinada por David Biller e Mauricio Savarese aponta que a marca de 4.000 mortes por dia pode ser ultrapassada em breve no país, dado citado por um gestor do Hospital das Clínicas de São Paulo, o maior complexo hospitalar da América Latina, que está lotado e não para de receber pacientes.

O caos, relatam os repórteres, ocorre em meio a medidas de restrição à circulação de pessoas capengas e “consistentemente sabotadas pelo presidente Jair Bolsonaro”, que dizia buscar evitar a derrocada econômica, o que não ocorreu.

A revista britânica The Economist foca bastante a responsabilidade de Bolsonaro no colapso da saúde brasileiro, em texto intitulado “A má gestão da covid-19 pelo Brasil ameaça o mundo”.

“Bolsonaro promoveu curas charlatanescas, protestou contra lockdowns e tentou impedir a divulgação de dados (sobre infecções e mortes). Ele acaba de se demitir o terceiro ministro da Saúde (um general do Exército) desde o início da pandemia. As vacinas não são para ele, afirmou Bolsonaro. Seu governo demorou a encomendá-las, ainda que fabricantes como Pfizer e Janssen tenham testado (as vacinas) no Brasil.”

O veículo cita também os temores em torno da variante P1, descoberta em Manaus e hoje presente em dezenas de países, por causa da sua capacidade de infectar e reinfectar mais pessoas, além de tornar tornar vacinas contra coronavírus menos eficazes.

Para a Economist, as ações de Bolsonaro “são ruins para o Brasil e para o mundo”.

Fonte: IG SAÚDE

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