A Polícia Civil de São Paulo prendeu dois homens suspeitos de envolvimento no desaparecimento da estudante trans Carmen de Oliveira Alves, de 25 anos, vista pela última vez em 12 de junho, em Ilha Solteira. O caso é investigado como feminicídio, embora o corpo da jovem ainda não tenha sido encontrado.
Segundo a investigação, o crime foi cometido pelo namorado de Carmen, Marcos Yuri Amorim, com ajuda do policial militar da reserva Roberto Carlos de Oliveira. Ambos estão presos temporariamente e negam envolvimento.
De acordo com o delegado Miguel Rocha, a motivação do crime seria a pressão feita por Carmen para que Marcos assumisse publicamente o relacionamento. O assassinato teria ocorrido justamente no Dia dos Namorados. Além disso, Carmen teria descoberto supostas atividades ilícitas do companheiro, incluindo furtos, e reunido provas em um dossiê — outro possível motivo para o assassinato, segundo a polícia.
O policial militar da reserva, que também mantinha um relacionamento com Marcos Yuri, teria colaborado com o crime. Conforme o delegado, Roberto Carlos sustentava financeiramente o suspeito e ajudou a ocultar o corpo.
Vítima desapareceu após prova na Unesp
Carmen cursava zootecnia na Universidade Estadual Paulista (Unesp) e desapareceu após sair do campus de bicicleta elétrica. Imagens de câmeras de segurança mostram que ela entrou na casa de Marcos, mas não foi vista deixando o local.
A residência do suspeito fica em um assentamento rural em Ilha Solteira, cidade a 674 km da capital paulista. Drones e cães farejadores estão sendo utilizados nas buscas pela vítima. A Justiça autorizou a quebra de sigilos telefônicos dos envolvidos, e os dados confirmam que Carmen não deixou a cidade.
A defesa de Roberto Carlos afirma que ele é inocente.
Comunidade pede justiça
Familiares, amigos e colegas cobram respostas. O pai de Carmen, Gerson, afirmou em vídeo nas redes sociais: “Precisamos do corpo para poder ficar em paz. Que punam os responsáveis por essa brutalidade.”
A Unesp divulgou nota de solidariedade e lamentou profundamente o caso, afirmando colaborar com as investigações. A universidade repudiou “toda forma de violência” e reafirmou seu compromisso com a dignidade humana.
Marcos Yuri também é aluno de zootecnia da instituição. Estudantes pedem sua expulsão imediata, mas até o momento, a universidade não se manifestou sobre essa demanda.
Fonte: UOL