A pirataria traz risco real à saúde. No caso de bebidas ilegais, por exemplo, os produtos não passam por testes de toxicidade nem pelo crivo do Ministério da Agricultura e podem causar até a morte, alerta Cristiane Foja, presidente executiva da Associação Brasileira de Bebidas (Abrabe). O mesmo ocorre com alimentos, remédios e brinquedos.
Na pandemia, com a imposição de lei seca para impedir aglomerações em alguns lugares, a venda de bebida ilegal cresceu. Em vários países, as pessoas que decidiram comprar esses produtos pagaram com a própria vida. Houve 200 mortes na República Dominicana, mais de cem no México e 75 na Índia, enumera Cristiane. Não há dados disponíveis para o Brasil.
“É um risco real. O desconto não compensa”, afirma a presidente da Abrabe.
Ela chama a atenção para outro efeito da pirataria que considera irreversível: a perda de reputação das marcas falsificadas e do estabelecimento comercial que vendeu o produto ilegal.
“Uma vez quebrada, não se recupera a confiança”, diz Cristiane, que aconselha aos clientes a evitar produtos com preços muito menores que os praticados pelo mercado.
Conscientização lenta
Ygor Valerio, sócio do CQS/FV Advogados, ressalta que a conscientização da população para os riscos da pirataria é fundamental e que, dependendo do tipo de produto, essa conscientização adquire graus diferentes de importância:
“Quando falamos de bebidas, a questão deixa de ser unicamente a proteção da marca e passa a ser de saúde pública. Tênis falsificado pode causar dano ortopédico. Há brinquedo pirata que usa tinta com chumbo.”
O publicitário Lula Vieira reconhece que as campanhas não dão resultado imediato e que o processo de conscientização é lento, “mas tem que começar”, com foco nos riscos, na injustiça em relação aos detentores das marcas e direitos e na repressão.
“O consumidor precisa entender que vale a pena pagar mais para não correr risco.”