Orlando Sabino Camargo, conhecido como o “Monstro de Capinópolis”, deixou um rastro de violência e mistério que marcou profundamente a história criminal brasileira. Responsável por uma série de assassinatos brutais nas décadas de 1970 e 1980, seus crimes aterrorizavam comunidades rurais no Triângulo Mineiro, Alto Paranaíba e sul de Goiás.
Nascido em um contexto de extrema pobreza, na cidade de Arapongas (PR), em 4 de setembro de 1946, Orlando viveu à margem da sociedade desde cedo. Andarilho de porte franzino e olhar descrito como assustado, ele enfrentou uma realidade de exclusão que moldou seu comportamento recluso. Quando capturado em 1976, sua reação – de total imobilidade diante de um disparo de advertência policial – levantou especulações sobre sua sanidade mental, com alguns especialistas sugerindo que ele poderia estar no espectro autista.
Já Lázaro Barbosa, por sua vez, aterrorizou o Brasil em 2021, com crimes que incluíram assassinatos, invasões a propriedades e estupros. Nascido em Barra do Mendes (BA), também viveu na marginalização desde cedo. Em fuga pelo interior de Goiás e do Distrito Federal, Lázaro demonstrava um comportamento errático, mas estrategicamente calculado, capaz de despistar forças policiais durante mais de 20 dias. Sua habilidade em se esconder em áreas de mata e seu conhecimento sobre a geografia local o tornaram uma figura mítica para muitos, similar ao que aconteceu com Orlando.
‘Monstro’ temido
Orlando foi acusado de assassinar pelo menos 12 pessoas, utilizando armas de fogo, facas e até pauladas, além de relatos de que teria matado 19 vitelos com golpes de foice. As vítimas, geralmente fazendeiros ou trabalhadores rurais, eram atacadas de forma extremamente violenta, o que gerou pânico e reforçou sua imagem como um “monstro” no imaginário popular. Sua habilidade em se esconder e sua mobilidade como andarilho dificultaram sua captura, enquanto o medo e a narrativa mítica ao seu redor cresciam.
Após uma intensa caçada policial, Orlando foi preso próximo a Capinópolis, Minas Gerais. Levado a julgamento, foi condenado por diversos crimes, mas a discussão sobre sua sanidade mental o direcionou ao Hospital Colônia de Barbacena, onde passou o restante de sua vida. O hospital, conhecido como “o holocausto brasileiro”, era um símbolo das condições desumanas enfrentadas por milhares de internos, muitos deles sem diagnóstico psiquiátrico formal.
Orlando morreu em 8 de junho de 2013, no Hospital Colônia de Barbacena, em Minas Gerais, encerrando uma vida marcada por violência, exclusão e mistério.
Amaro Alves foi repórter de polícia até se aposentar, em 2009; vive atualmente em Belém (PA), de onde escreve com exclusividade para oacreagora.com