Uma operação de grande porte mobilizou forças de segurança no interior do Acre e expôs um esquema de exploração financeira contra famílias indígenas beneficiárias do Bolsa Família. A ação, coordenada pela Polícia Civil, alcançou comerciantes que retinham cartões e senhas dos beneficiários para realizar saques indevidos e vender mercadorias a preços abusivos.
A ofensiva, realizada em Jordão e conduzida pela Delegacia-Geral de Tarauacá com apoio da Polícia Militar e da prefeitura local, cumpriu 28 mandados de busca e apreensão. Quatro pessoas foram presas e outras oito encaminhadas para prestar depoimento. As investigações duraram cerca de dois anos e mostraram que o golpe se sustentava na vulnerabilidade das vítimas, muitas delas com baixa escolaridade e sem pleno acesso à informação.
Durante as diligências, a polícia apreendeu 300 cartões do Bolsa Família, aproximadamente R$ 70 mil em dinheiro, além de valores em dólar e euro. Também foram recolhidos 6 mil litros de combustível, celulares, máquinas de cartão, cadernos de registro, duas espingardas, um revólver, 250 quilos de chumbo e 300 espoletas. Parte dos combustíveis e do gás estava armazenada irregularmente, oferecendo risco à comunidade.
O delegado José Ronério classificou a prática como uma forma contemporânea de exploração com raízes históricas, comparando-a ao antigo sistema de barracão dos seringais. Ele destacou que a operação busca romper esse ciclo e resguardar a dignidade das populações indígenas.
Para garantir a amplitude da ação, a Direção-Geral da Polícia Civil reforçou o efetivo local com 20 policiais enviados a Jordão. O delegado-geral, José Henrique Maciel, afirmou que a operação reafirma o compromisso da instituição com a proteção dos mais vulneráveis e o combate à exploração econômica nas regiões isoladas do estado.
Os envolvidos responderão por crimes contra a ordem econômica e ambiental, além de outras infrações identificadas no inquérito. A Polícia Civil continuará a investigar para localizar possíveis novos participantes do esquema.
