Em janeiro deste ano, o presidente da Federação das Indústrias do Acre (Fieac), José Adriano, tomou posse como deputado federal, em substituição ao prefeito eleito pelo município de Sena Madureira, deputado Gerlen Diniz, ambos do Progressistas. Ele assegura que o seu mandato irá discutir e apontar soluções para tirar o estado do subdesenvolvimento.
Natural de Rio Branco, José Adriano Ribeiro da Silva, de 58 anos, tornou-se primeiro suplente com mais de 10 mil votos. Ele também já foi candidato em 2018, pelo PDT, e obteve 6.258 votos.
Empresário industrial do setor da construção civil nas últimas três décadas, adquiriu experiência administrativa no setor privado e acredita que o Acre pode ser um estado próspero, principalmente por causa de sua localização geográfica e de seu potencial produtivo. O parlamentar disse que o seu mandato irá focar no setor industrial, enfatizando a área de infraestrutura e na concessão de incentivos para os produtores rurais.
De passagem por Rio Branco, ele falou um pouco sobre suas proposições e afirmou que não integrará bancadas corporativistas. “Estou conciliando o mandato com o cargo na entidade”, disse o congressista. Veja alguns trechos dessa rápida conversa:
O Acre Agora – Como o senhor avalia esses primeiros meses no parlamento?
José Adriano – Está sendo angustiante esses primeiros momentos como deputado federal. Os empresários são cartesianos e o parlamento é uma realidade totalmente diferente. Estou meio frustrado por causa da inércia. Nem todas as pautas são debatidas exaustivamente. Nem sempre uma proposta vai se manter até o final do processo legislativo e, muitas vezes, os aditivos e as supressões provocam deformações. Eu estava preparado para essa realidade e estou recebendo apoio das confederações do Comércio, da Agricultura e da Indústria. As minhas posições e votos estão sendo pautados dentro de um perfil técnico. Estou votando com as orientações do partido, além das minhas convicções, obviamente.
O Acre Agora – Quais foram os projetos de lei que o senhor apresentou?
José Adriano – A primeira proposta objetiva conter a monetização aqui no parlamento, ou seja, alguns colegas querem auferir rendimentos com o mandato, aumentando o número de seguidores nas redes sociais, como se fosse um influence. Isso é inapropriado e não foge da missão de um representante. Também apresentei propostas para mudar o texto da Lei de Licitações e Contratos (14.133). No momento em que ela entrou em vigor, percebemos a necessidade de ajustes para o ambiente de negócios. Queremos evitar a paralisação de obras, que prejudica o poder público, as empresas e principalmente a população. E, por fim, a proposta para evitar posturas esdrúxulas, por parte da Procuradoria da Fazenda, que está prejudicando a classe empresarial, principalmente os micro e pequenos empresários.
O Acre Agora – O senhor tem propostas para tirar o Acre do subdesenvolvimento?
José Adriano – Esse é o objetivo do meu mandato, destacando que esse desenvolvimento que propomos é sustentável, ou seja, é possível conciliar as questões econômicas com as ambientais e as sociais. Eu não vou apresentar emendas, por exemplo, para construir um prédio se ele não vai ter como ser custeado. Vou trabalhar para substituir todas as pontes de madeira por de concreto. O agronegócio é restrito às margens das BR’s e precisamos interiorizar a produção.

O Acre Agora – A agricultura em larga escala, tirando a parte leste do Estado, é inviável por causa da topografia, entre outros fatores. Como o senhor pretende estimular a produção nas demais regiões?
José Adriano – Há várias formas de estimular essa produção familiar, principalmente através de pesquisas e tecnologias. Existe um estudo das cadeias produtivas e o café, por exemplo, está se consolidando em praticamente todos os municípios. Além disso, temos as culturas vocacionais do maracujá, do cupuaçu, do abacaxi, do açaí, da banana, da mandioca, da melancia e de óleos florestais. É perfeitamente possível atrair investimentos e montar agroindústrias e, neste caso, envolveriam os três setores da economia.
O Acre Agora – Para se desenvolver, o Acre precisa de infraestrutura. Comente sobre isso.
José Adriano – O acompanhamento de serviços de artes nas BR’s e as obras estruturantes são obrigações nossa. A gente precisa de rodovias e não caminhos de serviço. Temos que olhar para as nossas fronteiras e os problemas de comunicação. Precisamos também trabalhar o mercado interno, que está desorganizado. Necessitamos interligar todos os municípios, ou seja, acabar com os chamados isolados. Na engenharia tudo é permitido, bastando usar as soluções adequadas, existindo recursos, obviamente. Sou totalmente a favor da ligação com o Peru, através da região do Vale do Juruá. Esse romantismo preservacionista precisa ter fim, uma vez que existem soluções e medidas mitigadoras dos impactos ambientais. A União tem uma dívida histórica com os acreanos.
O Acre Agora – O que é ser empreendedor?
José Adriano – Ser empreendedor se reflete nas atitudes que tomamos. Na minha modesta opinião, resume-me em três coisas: você precisa gostar do que faz, ter foco e disciplina. Só alcançaremos o desenvolvimento se estimularmos uma cultura empreendedora.