O Brasil que empobrece quem trabalha e engorda quem legisla

Num país onde o trabalhador precisa suar por mais de cinco meses apenas para quitar seus impostos — segundo dados do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT), são em média 147 dias de labuta para pagar o que o Estado exige — o Senado decidiu ampliar ainda mais a conta. Por 41 votos a 33, os senadores aprovaram nesta quarta-feira (25) o Projeto de Lei Complementar nº 177/2023, que aumenta de 513 para 531 o número de deputados federais a partir de 2027.

O argumento é a atualização demográfica. A consequência, porém, é o aumento do peso para quem já carrega um país nas costas. O impacto estimado da medida é de R$ 380 milhões ao longo de quatro anos — verba que poderia ser investida em escolas, hospitais, segurança ou, quem sabe, em reduzir um pouco o sufoco fiscal de quem produz neste país.

Hoje, cada deputado federal custa em média R$ 240 mil por mês aos cofres públicos, somando salários, verbas de gabinete, auxílio-moradia, passagens e outros penduricalhos. Considerando os atuais 513 parlamentares, o custo anual ultrapassa R$ 1,4 bilhão. Com os novos 18 deputados, esse número deve chegar a cerca de R$ 1,54 bilhão por ano, caso mantida a estrutura atual. Em quatro anos, isso significa R$ 6,1 bilhões saindo do bolso de quem paga para não ver retorno.

A medida também expõe, mais uma vez, o abismo entre o Brasil oficial e o Brasil real. No primeiro, vive uma casta política que aprova aumentos de cargos e benefícios com votos céleres e discursos técnicos. No segundo, vive a maioria dos brasileiros, que enfrenta filas no SUS, escolas sem estrutura, estradas esburacadas e uma carga tributária que não perdoa.

O Acre, inclusive, dividiu-se na votação. O senador Sérgio Petecão (PSD) votou a favor da proposta. Já Alan Rick e Márcio Bittar, ambos do União Brasil, foram contrários. As motivações variam — e a conta, como sempre, sobra para o contribuinte.

Quem ganha com essa manobra? Os partidos, que terão mais espaço de poder e verba pública à disposição. Os políticos, que ganham novas vagas para distribuir como capital eleitoral. E o povo? Ganha mais um motivo para duvidar do sistema.

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