O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) fez uma reforma ministerial relâmpago nesta segunda-feira (29) e trocou os chefes de seis pastas. Entre as mudanças estão ministros que foram realocados para outros ministérios e nomes que são novidades dentro do governo.
Veja a seguir quem é quem nas mudanças feitas por Bolsonaro.
Luiz Eduardo Ramos
Saindo da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos será o novo ministro da Casa Civil. Nascido no Rio de Janeiro e com longa carreira no Exército, entrou na corporação em 1973 e já foi chefe do Comando da 11ª Região Militar, em Brasília, e da 1ª Divisão de Exército, no Rio de Janeiro.
Foi responsável pelas ações de segurança da Copa do Mundo de 2014 e dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2016, atuando também atuou na missão das Nações Unidas no Haiti. Ele ainda foi vice-chefe do Estado-Maior do Exército.
Ramos chegou ao governo federal para substituir o general Santos Cruz, que foi demitido após entrar em confronto com o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do presidente Bolsonaro.
O general já deu declarações polêmicas e entre elas está a ocasião em que ele disse que uma ação de militares que dispararam 83 tiros contra um carro no Rio de Janeiro não configurava assassinato. “Houve uma fatalidade. O pessoal tem colocado assassinato, não é”, afirmou Ramos em abril de 2019.
Anderson Gustavo Torres
O delegado da Polícia Federal Anderson Gustavo Torres será o novo ministro da Justiça e Segurança Pública no lugar de André Mendonça. Secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Torres já teve o nome cotado para cargos no governo em outras ocasiões, conta com o apoio dos filhos de Bolsonaro e é amigo pessoal de Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ).
De acordo com o site da secretaria, ele tem experiência em ciência policial, investigação criminal e inteligência estratégica.
Ainda segundo o portal, entre 2003 e 2005 Torres também coordenou as investigações da Polícia Federal (PF) em Roraima sobre o combate ao crime organizado. Em 2007 e 2008, coordenou a atividade de inteligência da PF na repressão a organizações criminosas de tráfico internacional de drogas e lavagem de dinheiro; e já participou de investigações internacionais.
Antes de assumir a secretaria no governo do Distrito Federal, Torres foi chefe de gabinete do então deputado federal Fernando Francischini (PSL-PR), político que era ligado a Bolsonaro.
Braga Netto
O general Braga Netto vai assumir o Ministério da Defesa no lugar de Fernando de Azevedo e Silva. Dono de um perfil moderado, o general costuma ser discreto e evita entrar em polêmicas. Apesar de preferir ficar longe dos holofotes, um de seus últimos trabalhos deu visibilidade pouco comum à sua figura. Em 2018, ele foi escolhido pelo então presidente Michel Temer para comandar a intervenção militar federal na Segurança Pública do Rio de Janeiro.
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Antes de chegar à Casa Civil, Braga Netto foi chefe do Estado-Maior do Exército. Ele nasceu em Belo Horizonte, Minas Gerais, e começou sua carreira militar em 1975, quando ingressou na Academia Militar das Agulhas Negras. Enquanto estudava, foi declarado aspirante a oficial e, já em 1979, foi promovido a 2º Tenente, passando para 1º Tenente no seguinte. Em 1984, atingiu a patente de Capitão.
Carlos Alberto Franco França
O embaixador Carlos França , de 57 anos, foi indicado por Bolsonaro para assumir o Ministério das Relações Exteriores no lugar de Ernesto Araújo. Ele foi chefe do Cerimonial do Planalto e hoje é assessor direto do presidente. França chega ao cargo por indicação do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP).
Apesar de ter sido promovido a embaixador por merecimento, o diplomata nunca assumiu uma embaixada. A falta de experiência é apontada por colegas como um possível obstáculo e uma fragilidade. Essa possibilidade é levantada pela grande influência que Eduardo tem na área diplomática, o que faria França se tornar uma espécie de subordinado ao filho do presidente.
França, no entanto, foi o preferido entre os congressistas, e surgiu como alternativa a Luis Fernando Serra, embaixador do Brasil em Paris, cuja indicação enfrentou resistência interna e externa. O descontentamento ocorreu por Serra ser um “bolsonarista linha dura” e ser chamado, por alguns colegas, de “viúva do regime militar”. Por isso, França acabou sendo “a opção menos ruim” para Bolsonaro.
Flávia Arruda
Natural de Taguatinga, a deputada federal Flávia Arruda (PL-DF) tem 41 anos e vai assumir a Secretaria de Governo da Presidência da República. A indicação da parlamentar está sendo interpretada como um aceno de Bolsonaro para o Centrão, que se afastou do presidente após a eleição das presidências da Câmara e do Senado. O partido ao qual ela é filiada é comandado por Valdemar da Costa Neto.
Defensora das causas sociais e da educação, Arruda é coordenadora da Comissão Externa Combate à Violência Contra a Mulher e foi presidente da Comissão Mista de Orçamento. “Meu perfil é do diálogo, tenho interlocução com todos. Vamos diminuir as tensões”, disse a deputada à jornalista Andréia Sadi.
Ela é formada em Educação Física e Direito e já foi apresentadora na TV Bandeirantes, no programa Nossa Gente .
André Mendonça
André Mendonça , de 47 anos, vai voltar ao seu ministério de origem, a Advocacia-Geral da União (AGU). Hoje no Ministério da Justiça e Segurança Pública, Mendonça foi alocado para a pasta para substituir Sergio Moro.
Natural de Santos, no litoral paulista, ele atuava na Advocacia-Geral da União (AGU) desde 2000. Na instituição, exerceu os cargos como o de corregedor-geral e de diretor de Patrimônio e Probidade.
Mendonça também trabalhou com o Dias Toffoli quando este chefiou a AGU, entre março de 2007 e outubro de 2009, e foi designado o primeiro diretor do Departamento de Combate à Corrupção e Defesa do Patrimônio Público na gestão de Toffoli no STF.
Além disso, foi coautor, ao lado de Alexandre de Moraes, do livro “Democracia e Sistema de Justiça”, lançado em outubro de 2019 em homenagem aos 10 anos de Toffoli no Supremo. Ele é um dos cotados por Bolsonaro para assumir a vaga de Marco Aurélio Mello na Corte.