O vice-presidente Hamilton Mourão disse que vai se vacinar contra a Covid-19 nesta segunda-feira (29), depois do almoço. Mourão tem 67 anos. Pessoas dessa idade começaram a ser vacinadas no Distrito Federal no último sábado.
“Vou a um drive-thru desses aí naquele que tiver menos gente nessa hora, para não perder muito tempo”, disse Mourão nesta segunda ao chegar ao Palácio do Planalto.
Em 18 de março, o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, de 73 anos, foi o primeiro integrante do alto escalão do governo a se vacinar contra a Covid-19. Após tomar a primeira dose, ele compartilhou um vídeo do momento em suas redes sociais e destacou ter sido uma escolha pessoal. Ao mesmo tempo, afirmou que o governo defende a vacinação em massa.
O presidente Jair Bolsonaro, de 66 anos, já deu várias declarações em sentido contrário. Chegou a dizer, por exemplo, que não se vacinaria e criticou em especial a CoronaVac, imunizante desenvolvido pelo laboratório chinês Sinovac e testado no Brasil pelo Instiuto Butantan, ligado ao governo de São Paulo. O estado é administrado pelo governador João Doria, um ex-aliado que hoje é um dos principais adversário do presidente. Nas últimas semanas, o governo federal vem mudando o tom e estimulando a vacinação.
Nesta segunda-feira, Mourão também foi questionado sobre a crise política envolvendo o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, mas disse que a decisão sobre a manutenção dele no cargo é de Bolsonaro . Em janeiro, Mourão havia sugerido que o chanceler poderia deixar o governo numa reforma ministerial.
“Fui tomar conhecimento ontem à noite. Então deixo aí a critério de quem tem o poder de decidir. A minha opinião, se o presidente perguntar, eu digo para ele. Só para ele”, disse o vice-presidente nesta segunda.
Em sua conta no Twitter no domingo, Araújo sugeriu que a pressão do Congresso para sua demissão não teria ligação com questões diplomáticas em torno da obtenção de vacinas contra a Covid-19, mas sim com o debate sobre o banimento ou não da empresa chinesa Huawei da implantação da tecnologia 5G no Brasil. O chanceler afirmou ter sido procurado pela presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, Kátia Abreu (PP-TO), no início do mês e que “pouco ou nada se falou de vacina”.
“No final, à mesa, [Kátia Abreu] disse: ‘Ministro, se o senhor fizer um gesto em relação ao 5G, será o rei do Senado.’ Não fiz gesto algum”, escreveu o chanceler. Em resposta, alguns senadores, entre eles a própria Kátia e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), reagiram. “A tentativa do ministro Ernesto Araújo de desqualificar a competente senadora Kátia Abreu atinge todo o Senado Federal”, escreveu Pacheco.