Um missionário norte-americano identificado como Anthony Paul Goddard, de 30 anos, foi denunciado após invadir uma terra indígena no Acre com intenção de realizar doutrinação evangélica forçada para integrantes da etnia Madija, considerada de contato recente.

A ação é realizada sem a autorização das lideranças locais ou da Fundação Nacional do Índio (Funai) e levanta sérias preocupações sobre a preservação cultural dos povos indígenas e suscita questões sobre a atuação de organizações missionárias no Brasil.

O missionário nasceu em Ontário, no Canadá, mas possui cidadania estadunidense. Ele faz parte do grupo filantrópico Missões Novas Tribos do Brasil (MNTB), uma subsidiária da antiga New Tribes Mission, que tem como objetivo converter povos de diferentes partes do mundo ao cristianismo, incluindo os indígenas brasileiros.

O grande problema, é que a abordagem de doutrinação evangélica entra em muitas vezes em conflito com as culturas tradicionais e crenças dos povos indígenas, trazendo consequências negativas para a saúde mental e a cultura.

Um laudo antropológico encomendado pelo Ministério Público Federal (MPF) revelou um aumento alarmante nos casos de suicídios na região, principalmente entre os jovens, possivelmente relacionado ao processo de conversão evangélica imposto à comunidade.

Segundo denúncia do The Intercept Brasil, o contato com missionários também trouxe o consumo abusivo de álcool, que antes não fazia parte dos hábitos dessas populações.

Além das preocupações sobre o impacto da invasão missionária na saúde mental dos indígenas Madija, também foram relatados conflitos entre os indígenas, após tensões geradas entre aqueles que resistem em manter suas tradições e aqueles que aderem ao discurso pregado pelos missionários.

A atuação das organizações missionárias em regiões remotas da Amazônia, muitas vezes com acesso facilitado por recursos financeiros, levanta a necessidade de controle e fiscalização das atividades dessas organizações.