O médico Pablo Ruan, que estava de plantão no Pronto-Socorro quando teve que atender 10 jovens, entre eles adolescentes, que foram baleados durante um tiroteio em um baile funk no Parque das Acácias, em Rio Branco, na noite do último sábado (12).
“Atuando como um pai”, diz o médico na postagem. O tiroteio foi causado por um ataque de uma facção criminosa contra membros de uma organização rival. Uma jovem identificada como Giovana dos Santos de Lima, de 20 anos, morreu.
O Centro de Operações da Polícia Militar (Copom) informou que parte do grupo criminoso pulou o muro do Parque das Acácias, onde a festa era realizada, pela parte de trás e outras duas pessoas ficaram armadas na frente do espaço em motocicletas.
Veja o relato do médico:
“Começamos o dia dos pais atuando como pais!
Receber 10 jovens baleados numa sala de trauma pequena, não foi fácil. Mas digo jovens mesmo, com 14, 16, 18 anos.
Um pedindo pra eu fazer uma oração com ele enquanto eu passava um dreno no tórax dele mesmo.
A outra não sabia o que realmente estava acontecendo, mas tinha um projétil alojado no cérebro enquanto eu explicava pra ela que precisava fazer ela dormir um pouco (sem assustá-la pois me preparava pra intubar).
Meio que viramos pais deles ali naquele momento. Todos muito abalados e mostrando suas fragilidades ao pedirem “não deixa eu morrer”.
Ainda bem que esses jovens que chegaram até nós puderam encontrar outros jovens que estavam prontos para cuidar deles da melhor forma dentro de um cenário que não é ideal, afinal nenhum médico se prepara pra uma chacina numa madrugada dos pais.
Tenho muito orgulho da minha profissão, da minha equipe e de saber que mesmo com pouco conseguimos sempre fazer muito.
E antes que alguém pense algo sobre quem são esses jovens, nós médicos não estamos aqui pra fazer juízo de valor.
Viva a medicina, viva o SUS.
Que esses jovens encontrem caminhos melhores pela frente!
Feliz dia dos pais!”