Nos subúrbios de São Paulo, o nome Marcos Willians Herbas Camacho, mais conhecido como Marcola, é sinônimo de poder e organização no mundo do crime. Como líder do Primeiro Comando da Capital (PCC), a maior facção criminosa do Brasil, Marcola é um dos homens mais temidos e influentes no país.
Marcola nasceu em 13 de janeiro de 1968, em Osasco, na Grande São Paulo. Sua vida de crime começou cedo, com pequenos delitos ainda na adolescência. Em 1986, aos 18 anos, foi preso pela primeira vez por roubo. Desde então, a lista de crimes atribuídos a ele só cresceu, incluindo tráfico de drogas, homicídios e assaltos a bancos.
Sua ascensão no mundo do crime foi meteórica. Dentro do sistema prisional, Marcola foi ganhando notoriedade e poder, e em 2002, assumiu a liderança do PCC, substituindo Idemir Carlos Ambrósio, conhecido como Sombra. Sob sua liderança, o PCC se tornou a facção criminosa mais poderosa do Brasil, com ramificações em quase todos os estados do país e conexões internacionais.
O PCC expandiu suas operações, abrangendo o tráfico de drogas, armas, assaltos, sequestros e assassinatos. A facção também desenvolveu uma estrutura altamente organizada, com hierarquia definida e um código de conduta rígido. As decisões são tomadas de forma colegiada, e os membros são incentivados a estudar e se aprimorar, inclusive em assuntos como direito e política.
Um dos episódios mais marcantes da liderança de Marcola foi a onda de ataques ocorrida em maio de 2006. Em resposta à transferência de líderes do PCC para prisões de segurança máxima, a facção desencadeou uma série de atentados contra forças de segurança pública, deixando mais de 150 mortos. Esses ataques revelaram a capacidade de mobilização e a força do PCC, evidenciando a vulnerabilidade do sistema de segurança pública brasileiro.
Além de sua notória habilidade em liderar a maior facção criminosa do Brasil, Marcola é frequentemente descrito como um indivíduo com uma capacidade intelectual acima da média. Mesmo enquanto cumpre sua pena em um presídio de segurança máxima, ele dedica grande parte de seu tempo ao estudo e à leitura.
Marcola é conhecido por ser um leitor ávido de obras clássicas e de textos sobre filosofia, sociologia e direito. Entre suas leituras preferidas estão autores como Sun Tzu, com “A Arte da Guerra”, um tratado estratégico que ele utiliza para planejar as operações do PCC. Além disso, tem grande interesse em pensadores clássicos como Nicolau Maquiavel, especialmente “O Príncipe”, que discute a natureza do poder e a estratégia política.
Outra obra frequentemente lida por Marcola é “O Capital”, de Karl Marx, que oferece uma análise crítica das estruturas sociais e econômicas, algo que ele utiliza para entender melhor as dinâmicas da sociedade e do crime organizado. O interesse dele não se limita apenas à teoria; Marcola também lê avidamente sobre leis brasileiras e internacionais, algo que o ajuda a entender as brechas no sistema jurídico que podem ser exploradas pela facção.
De acordo com relatos de ex-companheiros de cela e documentos de inteligência, Marcola também se interessa por livros de George Orwell, como “1984” e “A Revolução dos Bichos”, que abordam temas de controle social e manipulação política. Esses livros influenciam sua visão sobre a gestão de poder dentro e fora da prisão.
Marcola acredita que a leitura e o estudo são fundamentais não apenas para a sua sobrevivência e liderança dentro do mundo do crime, mas também para compreender as fraquezas do sistema que ele desafia. Essa dedicação ao conhecimento é vista como uma das razões pelas quais ele se mantém como uma figura central no crime organizado, apesar das tentativas das autoridades de isolá-lo e contê-lo.
Amaro Alves foi repórter de polícia até se aposentar, em 2009; vive atualmente em Belém (PA), de onde escreve com exclusividade para oacreagora.com