O líder indígena Isaka Ruy Huni Kuî, acusado de abusar sexualmente da turista chilena Loreto Belén, foi preso após se apresentar voluntariamente à Polícia Civil, no município de Feijó, interior do Acre. A prisão preventiva havia sido decretada no dia 27 de junho, mas só foi cumprida após o depoimento prestado por Isaka nesta quarta-feira (9).
Acompanhado por advogados, ele negou todas as acusações ao delegado Dione Lucas e afirmou que desconhecia a denúncia até deixar a aldeia, dias depois de encerrar uma vivência com turistas na floresta. Segundo sua versão, ao ser informado do processo, contratou uma equipe jurídica e negociou sua apresentação às autoridades.
Após passar por audiência de custódia nesta quinta-feira (10), a Justiça decidiu libertá-lo, autorizando que responda ao processo em liberdade.
A denúncia contra Isaka foi registrada por Loreto Belén em 23 de junho. A chilena afirma ter sofrido ao menos três episódios de abuso sexual durante o período em que permaneceu na aldeia, entre maio e junho. O último caso teria ocorrido em 17 de junho. Ela viajou ao Acre para participar de uma imersão espiritual, adquirida por cerca de R$ 5,5 mil, mas relatou que a experiência “virou um pesadelo”.
Além de formalizar a denúncia, Loreto publicou vídeos nas redes sociais, onde afirmou ter rompido o silêncio para evitar que outras mulheres passem pela mesma situação. “Não quero difamar ninguém, mas quero que outras pessoas não passem pelo que passei. Acho que tive coragem e força espiritual para enfrentar isso. Que outras mulheres também possam levantar a voz”, declarou.
A Polícia Civil confirmou que a turista foi submetida a exames de corpo de delito e sexologia forense no hospital de Feijó. Ela também recebeu acolhimento do Departamento Bem Me Quer e do Organismo de Políticas Públicas para Mulheres (OPM).
O inquérito segue em andamento, e novas testemunhas devem ser ouvidas nos próximos dias, incluindo a própria vítima em uma nova oitiva.