
Dois dos empresários presos durante a Operação Inceptio, da Polícia Federal, deixaram o presídio nesta semana após decisão da Justiça do Acre. Johnnes Lisboa e Douglas Henrique da Cruz, investigados por tráfico de drogas, lavagem de dinheiro e organização criminosa, vão responder em liberdade, mas devem cumprir uma série de medidas cautelares, como o uso de tornozeleira eletrônica e recolhimento noturno.
A defesa dos dois, representada pela advogada Daiane Carolina Dias de Sousa Ferreira, afirmou que confia na apuração dos fatos “com rigor e imparcialidade” pela PF e pelo Judiciário.
A decisão que concedeu o habeas corpus foi assinada na quinta-feira (25), dez dias após as prisões. Com isso, seguem detidos os irmãos John Muller Lisboa e Mayon Ricary Lisboa, além de outros quatro investigados que não tiveram os nomes divulgados.
Entre as restrições impostas pela Justiça estão a proibição de deixar a comarca, comparecimento periódico em juízo e impedimento de contato com pessoas envolvidas no caso.
Operação Inceptio
Deflagrada no dia 15 de setembro, a Operação Inceptio investiga um esquema de tráfico de drogas e lavagem de dinheiro que, segundo a PF, movimentou milhões de reais em seis estados. Foram cumpridos nove mandados de prisão preventiva e 22 de busca e apreensão em cidades do Acre, Rondônia, Minas Gerais, Bahia, Paraíba e São Paulo.
Os empresários investigados são conhecidos por atuarem no setor de eventos. Douglas Henrique é dono da Moon Club RB DHS da Cruz e da DHS da Cruz Sociedade LTDA, empresas responsáveis pela venda de camarotes e pela contratação de artistas da Expoacre Rio Branco 2025. Já Johnnes Lisboa é diretor da Inove Eventos, que havia anunciado a apresentação do DJ Alok em Rio Branco, show cancelado após as prisões.
O grupo também inclui o cinegrafista e empresário John Muller Lisboa, que ocupava um cargo comissionado na Secretaria de Indústria, Ciência e Tecnologia (Seict). Ele foi exonerado um dia depois de ser preso.
Outro alvo da operação, o empresário André Borges, foi solto quatro dias após a prisão e também cumpre medidas cautelares.
Bloqueio de bens e suspeita de lavagem de dinheiro
Durante as investigações, a Justiça determinou o bloqueio de mais de R$ 130 milhões em contas bancárias e a apreensão de cerca de R$ 10 milhões em bens do grupo. A PF aponta que o dinheiro do tráfico era disfarçado por meio de empresas de fachada, criptomoedas e movimentações financeiras em nome de terceiros.
Segundo o delegado André Barbosa, da Delegacia de Repressão a Entorpecentes da PF-AC, o grupo atua no Acre desde 2019. Ele afirmou que as empresas ligadas aos investigados eram usadas para movimentar valores ilícitos e dar aparência legal ao dinheiro obtido com o tráfico.
“Identificamos que havia um grupo de narcotraficantes que enviava drogas do Acre para o Nordeste e Sudeste. Para internalizar o dinheiro, usavam pessoas físicas e jurídicas, incluindo estabelecimentos comerciais”, explicou o delegado.