A elite econômica brasileira, formada pelos 0,1% mais ricos do país — cerca de 165 mil pessoas —, também tem representantes no Acre. Segundo levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), baseado em dados do Imposto de Renda da Receita Federal, o estado concentra aproximadamente 0,18% da população dentro desse grupo, o que equivale a cerca de 1.500 pessoas com renda mínima mensal estimada em R$ 210 mil para integrar a faixa mais alta da pirâmide de rendimentos.
O valor está abaixo da média nacional, que é de R$ 516 mil por mês, mas expressa o topo da renda acreana. A presença de grandes produtores rurais, empresários e servidores públicos de alto escalão ajuda a compor esse segmento. Ainda assim, a elite local está distante dos níveis observados em capitais do Sudeste, onde a renda mínima para figurar entre os ultrarricos ultrapassa R$ 600 mil mensais.
Os dados do Ipea mostram que o 0,1% mais rico do Brasil concentra cerca de 12,5% de toda a renda nacional, proporção que revela uma das maiores desigualdades do mundo. Entre 2017 e 2023, a renda média desse grupo cresceu cerca de 6,9% ao ano, ritmo cinco vezes superior ao crescimento médio dos demais brasileiros, de 1,4% ao ano.
Entre as regiões, o Centro-Oeste lidera em proporção de ultrarricos, impulsionado pelo Mato Grosso, onde 0,30% da população tem rendimentos mensais acima de R$ 300 mil. No Norte, onde se inclui o Acre, os percentuais variam entre 0,16% e 0,20%, refletindo a concentração de renda mesmo em estados com média salarial mais baixa.
O estudo também evidencia que o valor mínimo para integrar o topo da pirâmide varia conforme o custo de vida e o grau de concentração econômica local. Nos estados mais ricos — Distrito Federal, São Paulo e Rio de Janeiro —, o limite ultrapassa R$ 600 mil mensais, enquanto nas regiões Norte e Nordeste, embora o patamar seja inferior, ele ainda representa o topo absoluto da renda local.
Economistas destacam que esse cenário reforça a necessidade de políticas públicas voltadas à redução das desigualdades regionais e à reforma tributária progressiva, uma vez que boa parte da renda dos ultrarricos vem de lucros, dividendos e aplicações financeiras — rendimentos historicamente menos tributados no Brasil.
Mesmo representando uma pequena parcela da população, a elite acreana segue o padrão nacional: poucos indivíduos acumulam uma fatia expressiva da riqueza disponível, em um estado onde a maioria sobrevive com rendas muito abaixo da média nacional.
